Poucas coisas são certas nessa vida. Seu eu tivesse que apostar, diria que apenas duas afirmações são verdades absolutas. A primeira é que todos vão morrer. Faça você o que fizer, tenha o dinheiro que tiver, em algum momento a morte vai te alcançar. A segunda é que sempre vai haver alguém que vai interpretar errado o que você disser, seja lá o que for.
Apesar da beleza, nossa língua é complexa. Todas as línguas são, para alguns membros da sociedade e os motivos para isso são muitos. Falta de bagagem cultura, desinformação, preconceito, desinteresse e até mesmo burrice mesmo.
E são esses detalhes que criam o chamado “ruído de informação”. É quando você diz A e a pessoa entende B. Esses ruídos já criaram guerras. Já destruíram amizades e fizeram impérios desaparecerem do mapa. São os maiores causadores dos crimes passionais. São o que leva aquele seu amigo fanático por futebol ou política a querer discutir com você depois que você diz o que pensa.
Eu passo por isso constantemente, desde que aprendi que sou mais valioso com a boca aberta do quem com ela fechada. Sou constantemente abordado por pessoas que simplesmente não entenderam o que eu disse e, por isso, querem discutir.
E isso é complicado, porque você diz as suas palavras, mas os outros ouvem as palavras deles. Eles atribuem significados completamente diferentes daqueles que você atribuiu. Com isso, entendem coisas igualmente diferentes do que você tentou dizer.
Mas eu sou categórico na minha resposta para essas pessoas: “eu sou responsável pelo que eu digo, não pelo que você entende”.
E talvez seja isso que as pessoas precisam ter em mente. Porque, hoje em dia, ninguém sabe mais a diferente entre uma afirmação e uma pergunta. Entre uma ironia, uma provocação e uma alfinetada. Entre A e B.
Somos um país de pessoas que desprezam livros, mas que amam imagens. E, se as imagens forem bonitas, acreditamos cegamente. Não conhecemos o poder do nosso idioma. E eu não digo que todos precisam se tornar professores de gramática. Não é preciso tanto para entender melhor o que os outros dizem.
A caneta é mais forte do que a espada. É a arma mais poderosa que o ser humano já criou, porque pode unir e destruir uma civilização ao mesmo tempo. Ainda mais nos dias de hoje. E as pessoas desperdiçam este poder.
Mas eu vou continuar dizendo, mesmo que as pessoas não me entendam. Continuarei dando minha cara a tapa. Porque é assim que se muda as coisas. Afinal de contas, como disse o Belchior, certa vez, “sons, palavras, são navalhas e eu não posso cantar como convém, sem querer ferir ninguém”.