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    Por que escrever um livro?

    Olá, meus amigos. Sei que já faz tempo que não escrevo nada, mas estou de volta e o conteúdo que vou apresentar é muito especial. Trata-se dos motivos que nos levam a escrever um livro.

    Se você pensar com atenção, notará que esta é a pergunta chave. E também notará que ela deverá ser respondida por você e não por mim. Afinal, poucas coisas são tão pessoais. Mas, para que você entenda melhor os seus motivos e consiga extrair tudo que eles têm para te oferecer, explicarei o que me levou a escrever todos livros que produzi ao longo da minha vida.

    É importante que você saiba que o motivo que leva uma pessoa a escrever um livro (ou uma música, ou um roteiro de teatro/cinema) geralmente é um só. Ainda que a pessoa escreva centenas de livros ao longo de sua vida, cada um com um foco e uma temática especifica, o motivo primordial atrás de cada um deles será sempre o mesmo.

    Eu escrevo porque quero deixar minha marca no universo.

    Pode parecer clichê – e de fato é – mas este é o meu propósito. Há motivos que são braços deste motivo principal, mas o foco é sempre um: eu quero ensinar o que aprendi ao longo dos anos para o máximo de pessoas que puder e quero mudar e tocar a vida delas da mesma forma que muitas pessoas que vieram antes de mim mudaram e tocaram a minha vida.

    Como eu disse, há motivos paralelos. Eu escrevi meu primeiro protótipo de livro, um plágio de O Senhor dos Anéis, por dois motivos. Primeiro, porque eu adorava Fantasia Medieval e não possuía nenhum livro desse gênero. Acredite, eles eram difíceis de encontrar alguns anos atrás. Segundo, escrevi porque queria ter certeza de que eu era mesmo capaz de escrever. Queria provar para mim mesmo que eu podia contar uma história através de um texto escrito. E, como eu já disse, pela insistência nos processos errados, quase me convenci de que eu não era capaz.

    Mas posso dizer que fui bem-sucedido no meu intento. Embora apenas duas pessoas além de mim tenham lido O Reino de Fogo, o livro em questão, eu cheguei a completar dois cadernos de 96 folhas num espaço de poucos dias. Nunca escrevi o final da história, mas poder ler algo que eu mesmo havia escrito me bastou. Isso foi suficiente para provar que eu era mesmo capaz e que realmente valia a pena investir naquele sonho. Foi só então que eu resolvi que seria escritor.

    Para facilitar a compreensão, vou dividir o assunto em dois tópicos: A Ideia Primordial e a Ideia Central.

    A Ideia Primordial

    Pense comigo. O que te leva a querer escrever. O que te inspira de verdade? Quando você fecha os olhos e sonha com uma carreira brilhante, com reconhecimento mundial, com pessoas gritando o seu nome, o que você acha que seria capaz de te levar até lá?

    O que te faz ser tão louco a ponto de querer ser escritor em país onde, aparentemente, cada vez as pessoas se interessam menos por livros e pela cultura, de uma forma geral? O que te faz sentir borboletas no estômago quando pensa em, um dia, poder viver plenamente apenas dos seus livros? Independente de qual seja a sua resposta, nós demos um nome a ela: A Ideia Primordial.

    Não importa quanto livros você escreva. Salvo raríssimas exceções, sua Idea Primordial será sempre a mesma e ela te manterá focado quando tudo parecer dar errado. Ela vai te posicionar no caminho dos seus sonhos. O simples fato de ter um proposito, um norte, já tornará o seu processo de escrita muito mais eficiente. Faça o teste, se não acredita.

    Eu escrevo para deixar minha marca no universo. E você?

    A Ideia Central

    Assim como você deve ter um bom motivo para querer ser escritor, você deve ter um motivo especial para querer escrever cada um de seus livros, individualmente. E esse motivo, geralmente, está tão intrínseco na sua mente, tão oculto no seu ser, que acaba passando despercebido durante o processo de escrita.

    Mas ele está lá e se você conseguir percebê-lo e entendê-lo, poderá seguir por caminhos que jamais imaginaria de uma outra forma. Você terá um norte. Um rumo que poderá seguir sempre que estiver perdido. Esse objetivo principal de cada livro eu chamo de A Ideia Central.

    Acompanhe o exemplo de enredo (ou argumento) de um livro:

    Um homem tem problemas com bebidas. Ele é um excelente pai, mas quando bebe, fica descontrolado e bate na mulher e no filho. Seu primogênito, depois de anos e anos vendo o pai beber, cresce e se torna alcoólatra. Ao chegar aos 25 anos, o filho bate o carro, após beber muito numa festa, e morre. O pai, extremamente abatido e frustrado, acaba se convencendo de que a bebida é o vilão da história.

    Qual a Ideia Central deste livro?

    O álcool faz muito mal e pode destruir uma família.

    Esta imagem é clara e direta, embora o autor não a exponha com todas as letras. Mas também poderia ser “cuidado com seus atos, você que é pai, pois seus filhos veem você como um molde e se espelham no que você faz”. Em ambos os casos, a opinião do autor, a Ideia Central do livro, está presente na trama, embora ele não precise citá-la.

    Tenha isso em mente quando for iniciar seus próximos livros. Quanto mais definida for a Ideia Central, desde o argumento inicial, mais acertado será o seu trabalho ao trazê-lo ao mundo.

    Mas não confunda a Ideia Central com a Moral da história. Você não precisa dar lição para ninguém com seus escritos, embora não seja proibido fazê-lo. A Ideia Central é, antes de tudo, sua maior aliada para a resolução dos seus problemas de enredo.

    Entenda que ela precisa ser clara e visível apenas para você. Se você não quiser demonstrá-la, o leitor não precisa conhecê-la. Vamos considerar que, no exemplo acima, o autor quisesse passar uma outra mensagem e não aquelas que identificamos. Talvez ele esteja dizendo que um homem não pode fazer tudo que os outros fazem. Um homem precisa de opinião própria.

    Esse é uma Ideia Central realista que pode ter inspirado o autor, mas o público não precisa saber disso. Ou então, precisa chegar até ela sozinho. A história continua fazendo sentido, mas agora temos outras possibilidades de conflito e resolução. O grande trunfo dos livros é a liberdade que eles oferecem aos leitores e você deve usar isso ao seu favor. Surpreenda-o a cada página.


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    Matheus Prado
    Matheus Pradohttps://conteudo.matheusprado.com.br/
    Matheus é jornalista, escritor e cineasta. Acredita que a vida é um oceano profundo e que devemos nos aventurar muito além da superfície.

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