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    Você tem o poder de escolher o Brasil que quer

    Hoje é o último dia da campanha eleitoral. A partir de amanhã, os candidatos não poderão mais dar entrevistas para veículos nem fazer propagandas em rádios e canais de TV. Para o desespero de uns… E para o alívio daqueles que já não aguentam mais ouvir tantas mentiras.

    Mas você tem que prestar atenção num detalhe importante.

    Se as chamadas Fake News já foram o norte da campanha de praticamente todos os candidatos, a partir de agora, elas serão ainda mais utilizadas. Os marqueteiros políticos de cada partido vão usar todos os recursos a sua disposição para difamar os outros partidos, criando assim um ciclo inquebrável de mentiras.

    E você, como sempre, estará no meio disso tudo, sem saber o que fazer. É por isso que eu acho importante te alertar. Fique atento a tudo que ouvir de hoje até domingo. Tudo mesmo. Desconfie. E, acima de tudo, pesquise. Use a internet com responsabilidade, como sua aliada.

    Pesquise cada história que te enviarem, principalmente no whatsapp. Tenha em mente a ideia de que tudo é mentira, até que seja provado o contrário. Tanto as coisas ruins quanto as coisas boas. Porque ninguém é santo. Muito menos políticos.

    E caso você mesmo identifique alguma irregularidade, use as ferramentas oficiais e faça denuncias. Não deixe que ninguém fique impune. O aplicativo pardal está disponível tanto para aparelhos com o sistema Android quanto para dispositivos da Apple, então baixe e informe a justiça sempre que ver algum candidato quebrando as regras.

    E seja consciente. Raciocine. Se o candidato não consegue seguir as regras nem mesmo durante o processo de eleição, acha que ele seguirá quando for eleito? Se ele precisa inventar mentiras para ganhar, você não acha que ele fará o mesmo quando estiver com o poder em suas mãos.

    É sua obrigação não deixar que isso aconteça. Sua, minha e de todos nós. Use as armas que você tem a sua disposição. Elas são poucas, mas são eficientes.

    Não custa nada repetir. Raciocine. Vote com consciência. Investigue. Não acredite em boatos. Não compactue com as falcatruas. Se você se junta com os ratos, você também é um rato. E seu futuro será viver em um país de ratos.

    Você tem o poder de escolher o Brasil que quer.

    Por que o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel?

    Ontem foram anunciados os vencedores do Prêmio Nobel de Física deste ano. E a edição é especial, porque, dentre os três vencedores, há uma mulher. Ela é canadense e se chama Donna Strickland. Não é comum ver mulheres ganhando o Prêmio Nobel. Apenas outras 17 mulheres ganharam antes dela.

    Donna Strickland é a primeira mulher homenageada pelo Nobel em todas as áreas em três anos (Peter Power/Reuters)
    Donna Strickland é a primeira mulher homenageada pelo Nobel em todas as áreas em três anos (Peter Power/Reuters)

    A primeira ganhadora foi Marie Curie, há mais de cem anos. Curie foi a primeira pessoa e a única mulher a ganhar o prêmio duas vezes.

    Mas, apesar da importância desse fato, não é sobre isso que eu vim falar. O fato que chama a atenção é outro. Junto com o francês Gérard Mourou e o americano Arthur Ashkin, Donna desenvolveu “invenções no campo da física a laser”.

    É isso que a nota diz. Mas o que quer dizer “invenções no campo da física a laser”? Não faço ideia. Não sei nem o que quer dizer “invenções no campo da física sem laser”. Escolhi jornalismo porque não entendo nada de física, nem de química e nem de matemática.

    Caso você não saiba, o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel. Nenhum deles. Nem de Física, nem de Química e muito menos o da Paz. E o que dizer do de Economia então? Jamais ganharemos. Mas, porque?

    Nosso sistema de ensino está sucateado. E nossa atenção no ensino está focada no lado errado da coisa. Tem muita gente preocupada com faculdade publica, que na maior parte dos casos é só forma mais professores de faculdade pública, que não movimentam absolutamente nada na vida real. É um ciclo vicioso.

    Enquanto isso, as escolas básicas e primárias estão completamente abandonadas. As crianças se formam sem saber o básico para viver em sociedade. Sem conhecimentos de interpretação de texto. Sem conhecer nossa história.

    E uma árvore que não foi regada jamais crescerá e jamais dará frutos.

    Não digo que o Brasil já gerou ganhadores do Prêmio Nobel porque os brasileiros são todos burros. Isso sim é que seria burrice. O que acontece é bem pior. Há um total descaso em todas as esferas com relação ao conhecimento científico do país. É só lembrar o museu destruído há um mês.

    As pessoas não se importam com ciência. As pessoas não se importam com nada que elas não possam ver e tocar. Mas foi a ciência que nos trouxe absolutamente tudo que usamos hoje em dia.

    E é esse descaso que faz com que nunca mais tenhamos visto em nosso país homens como Santos Dumont. E se a coisa não mudar, continuaremos sendo a nação que tem absolutamente tudo nas mãos, mas que não consegue descobrir o que fazer com o que tem.

    Tudo começa com a liberdade de expressão

    Tudo começa com a liberdade de expressão. E caso você não saiba, liberdade de expressão é a garantia de que você pode dizer o que quiser, por mais idiota que isso possa parecer para as outras pessoas. E você não deve ser julgado por isso. Ou, pelo menos, não deveria.

    Os movimentos progressistas de esquerda foram os primeiros a defender a liberdade de expressão, muitos anos atrás. Na época, uma máxima foi cunhada. Eles diziam:

    Eu posso não concordar com o que você diz, mas vou lutar até a morte para garantir o seu direito de falar.

    A frase é linda. Mas a vida real é bem diferente. Mesmo assim, vou me vestir da liberdade de expressão para dizer o que eu tenho para dizer. E você escolhe se quer me julgar ou se vai respeitar o que eu tenho a dizer.

    E eu digo isso porque dentro dos ciclos dos intelectualóides que eclodem, principalmente nas universidades públicas, a máxima é bem diferente:

    Se eu não concordo com você, então você não deveria abrir a sua boca.

    E é bem assim que a banda toca no meio dos socialistas de iPhone. No meio daqueles palyboys que fingem defender o direto dos pobres oprimidos pela sociedade.

    Se você for branco, experimente dizer para um destes intelectuais que nunca praticou algum ato racismo contra um negro. Ele não vai acreditar. Por que, para eles, todo branco é racista. Todo homem é machista. Todo hétero é homofóbico.

    E se você é como eu, homem, branco e hétero, você é a representação do mal no mundo. Não importa o que você diga. Você está errado.

    Nesse momento, estou me vestindo da liberdade de expressão para dizer que isso é uma grande besteira. O racismo não vai acabar enquanto os movimentos sociais insistirem em dividir as pessoas em grupos. Enquanto houverem cotas raciais que dizem abertamente que os negros não são capazes de chegar no mesmo lugar que os brancos sem a ajuda do governo. Enquanto os movimentos feministas pintarem as mulheres como seres frágeis que precisam de leis especiais para se igualarem aos homens. Enquanto os movimentos LGBTQ insistirem em reforçar as diferenças entre os sexos e não as semelhanças.

    Você pode dizer que esse é o típico papo de branco, cis gênero que nunca teve uma dificuldade sequer. Ou então que eu não posso falar de machismo porque sou homem. Nem de negros porque sou branco. Nem de gays, porque sou hétero. Mas esse discurso faz de você o sensor.

    Movimentos sociais se alimentam de problemas sociais. Se esses problemas acabassem do dia para a noite, milhares de coletivos e ongs que vivem de “defender” o direito dos negros, das mulheres e dos gays acabariam também. A mamata ia acabar. O dinheiro que o governo manda para fingir que está criando condições de igualdade também acabaria. Então, estas pessoas são as menos interessadas na paz.

    Se você é mulher, gay ou negro, tome muito cuidado com os lobos. Eles estão aí, fazendo você acreditar que é diferente. Que é melhor ou pior só por possuir essas características. E você não é. Nunca foi. E nunca vai ser.

    Tome cuidado com aqueles que se mostram como protetores da sua liberdade. Tome cuidado com os políticos que só vivem para causar discórdia. E, acima de tudo, tome cuidado com aqueles que querem obrigar toda a sociedade a viver abaixo de suas rédeas. Por que o Brasil está como está por causa deles.

    Já que #EleNão… quem, então?

    Eu ando vendo muita gente usando a #EleNão nos últimos dias. De ilustres desconhecidos até figuras públicas importantes. Todo mundo muito comprometido com essa ideia. Tudo muito bom, tudo muito lindo.

    Só que isso me deixa com uma dúvida imensa: Já que ele não… Quem, então?

    É que eu já sei em quem vocês não votam. Mas diz aí: qual é a alternativa que vocês me apresentam para ele?

    Seguindo o raciocínio de quem compartilha essa essa ideia, eu entendo que é importante se posicionar contra alguém tão horrível como ele. Contra alguém que faz as coisas que ele faz e diz as coisas que ele diz.

    Mas, a não ser que eu esteja muito louco, mas muito louco mesmo, acho que, nesse momento em que vivemos, é mais importante falar sobre quem colocar lá onde vocês não querem ele.

    Eu já notei que a internet está infestada de intelectuais. Vejo isso até mesmo entre meus distintos amigos de facebook. E como eu sou um cara aberto, tenho sido bombardeado por ideias de esquerda, direita, de cima e até de baixo. Eu só observo…

    Mas acho meio maluco ver essa onda de gente dizendo em quem não votar e esquecendo de dizer EM QUEM VOTAR! Por que, quando vocês fazem isso, dão a entender que pode ser qualquer pessoa, menos ele. E isso não é verdade. Há muitas pessoas que são bem piores do que ele. E pode tatuar na testa o que eu estou dizendo.

    Talvez você não saiba, mas esse movimento do #EleNão começou com militantes do PT e do PSOL, partidos que, ao lado do PSDB e do MDB, são, não opinião desse imbecil que vos fala, a representação de tudo que há de ruim não só no Brasil, não só no planeta, não só no sistema solar, não só na galáxia, mas no universo.

    Pensando nisso, a pergunta continua sem resposta: quem, então?

    Eu gostaria de ouvir dos tantos homens e mulheres que se vestiram de luz e se empoderam nessa hashtag: qual é a opção contra ele. Afinal, #EleNão. Eu já entendi que ele é machista, racista, homofóbico, assassino, estuprador, pilantra, cachorro, safado, sem-vergonha e sei lá mais o que. Mas qual é a alternativa?

    Ele quem, então, nobres diplomatas? Nobres engenheiros. Caros universitários. Finos sabedores e doutores da razão?

    Por que, se vocês vierem me dizer que a alternativa para ele é o mauricinho que se finge de pobre pra invadir os imóveis alheios, o excelentíssimo coronel que batia na esposa e que achava que a única utilidade dela era dormir com ele ou o boçal suplente do PT…

    Aí eu acho que prefiro ficar na minha casa mesmo, no dia 7.

    Todos merecem os mesmos direitos e as mesmas obrigações

    Dando uma olhada na minha vida eu notei que eu tenho mais amigos homossexuais hoje em dia do que eu jamais tive antes.

    Não sei se é pela faculdade, pelo meio em que eu trabalho ou a junção desses dois fatos. Mas o fato é que, analisando esse ponto, agora eu consigo entender que tem algumas coisas que eu acreditei durante a vida inteira e que estão claramente errados.

    Por exemplo, agora fica bem claro pra mim que as novelas, as séries, os filmes e os até os livros, de uma forma geral, são bem preconceituosos mesmo quando tratam desse tema. É porque aquela ideia do homem afeminado e escandaloso ou da menina masculinizada e agressiva nem sempre correspondem com a realidade. Sexualidade e aparecia física são coisas distintas.

    E isso também me fez notar que não existe e nunca existiu neste país um partido político que represente de forma verdadeira os interesses dos homossexuais.

    A direita conservadora tende a demonizar essas pessoas, colocando ideias ultrapassadas e pensamentos religiosos sempre à frente da razão. A esquerda, por sua vez, os trata como se fossem meros peões em um jogo e os usa para angariar votos e parecer mais descolada. No fundo, são tão preconceituosos quanto a direita.

    Particularmente, eu acho que ninguém é especial por ser homossexual, por gostar do de pessoas do mesmo sexo. Ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade, sei que que ninguém é inferior por esse mesmo motivo. Na minha humilde forma de pensar, a sexualidade é só mais um aspecto da vida, algo que nos diferencia dos nossos semelhantes, mas que é irrelevante de forma mais ampla, como espécie.

    E agora eu gostaria de falar diretamente para você, que se você se enquadra nesse grupo. Tome muito cuidado com os discursos que estão por aí, tantos os da esquerda, quanto os da direita. E tome cuidado com os isentões do centro também. A única pessoa que realmente sabe o que você está sentindo é você.

    Não é aquele deputado que se diz no mesmo barco que você, mas que quer te usar como massa de manobra que vai te representar. Também não é aquele louco que fica gritando que tudo que você faz é pecado que deve mexer com a sua cabeça e fazer você pensar que tem alguma coisa errada com você.

    Seres humanos são diferentes. Tem atitudes diferentes. Pensamentos diferentes. Mas não fundo são só isso. Seres humanos. Nada além disso. E todos merecem o mesmo tratamento, o mesmo respeito, o mesmo direito e as mesmas obrigações.

    Tome cuidado com todas as pessoas que tentarem transformar a sua sexualidade em uma bandeira, seja ela positiva ou negativa. Por que sexualidade não define caráter. Só define isso aí mesmo: a sexualidade. O resto é só rótulo para atrair mais seguidores.

    Não importa qual seja o motivo: vá ao cinema

    Esses dias eu notei que tenho falado muito em política aqui e pouco em arte. E isso é um grande erro, porque a arte é tão importante para vida quanto a política. E eu amo a arte a muito mais tempo do que eu amo discutir sobre política.

    Falo de arte por prazer e por necessidade também. É algo sem o qual eu não consigo viver. Por que, como os Titãs já cantavam algumas décadas atrás, “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.

    E, embora a literatura me encante desde que aprendi a ler e escrever, o cinema me fascina desde muito antes disso. Desde que me entendo por gente.

    Essa paixão veio do meu pai, o cara mais inteligente que eu já conheci. Foi com ele que eu aprendi a apreciar os clássicos. Com ele, eu conheci o poder do silêncio observando o roteiro e a direção apurada de Sergio Leone. Ao mesmo tempo, entendi que a música é tão importante quanto o vídeo, ouvindo as trilhas de Ennio Morricone.

    Ao lado do meu pai, entendi que os brutos também amam e que os homens são divididos entre bons, maus e feios. Passei por muitas aventuras, tudo em busca de
    um punhado de dólares . E quando a noite chegava, nos deitávamos embaixo de uma árvore, a luz da lua, para ouvir os mariachis cantarem.

    Também foi com o meu pai que eu aprendi que assistir um filme é só a primeira parte da experiência. Conversar e trocar ideias faz parte do prazer de assistir um filme, porque cada um entende a história de uma forma. Cada um é tocado por ela de uma maneira única.

    Minha paixão pelo jornalismo veio pelo cinema. Meu pensamento crítico também. E eu posso dizer sem medo de errar que o cinema fez de mim o homem que eu sou. Não que isso seja muito, é claro, mas já é alguma coisa. Eu não sei como eu seria e nem onde eu estaria agora se o cinema não tivesse a apropriado da minha vida.

    Eu não sei com que frequência você vai ao cinema. Nem se assiste filmes na sua casa mesmo. Mas se não tem feito isso, saiba que você está desperdiçando uma boa parte da sua vida.

    Assim como um bom livro, um bom filme tem o poder de nos transportar para outros mundos. Nos faz viver outras vidas. Nos emociona. Nos assusta e nos enche de esperança.

    O cinema é capaz de transformar o menor dos eventos no maior dos acontecimentos. É uma linguagem universal, que, quando bem-feita, dispensa tradução. Charlie Chaplin é a prova disso.

    Então, quais são os seus planos para hoje? Vai ficar em casa? Vai sair com seus amigos? Está sem opções? Assista um filme. Não importa qual seja. Só assista. O cinema é o meio mais barato e mais seguro que existe de viajar para os lugares mais incríveis que você pode imaginar.

    Tudo isso comendo pipoca numa cadeira bem confortável ou no aconchego do seu sofá.

    O crescimento do Haddad não tem nada a ver com Lula?

    Durante uma entrevista na última quarta (19), o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, afirmou que o seu crescimento recente nas pesquisas eleitorais não tem ligação direta com o apoio de Lula.

    Segundo ele, se Lula tivesse esse poder todo, tudo o que ele fizesse funcionaria automaticamente. Na minha opinião, basicamente, o que ele quis dizer foi que, se o Lula fosse tão influente assim, já teria conseguido sair da cadeia.

    Mas o motivo do questionamento sobre Haddad é seu crescimento inacreditável. É assustador até para os iludidos que acham que colocar o PT no poder novamente é a solução para fazer o Brasil crescer.

    É porque ninguém no planeta consegue explicar o fato de uma pessoa subir tanto assim. Ele pontuava com 4% tanto na pesquisa Ibope divulgada em 20 de agosto quanto na Datafolha divulgada 2 dias depois. Agora, do dia para a noite, alcançou o segundo lugar em todas as pesquisas de intenções de votos, com 19% na do Ibope, divulgada na terça-feira (18), e 16%, na Datafolha, divulgada nesta quinta-feira.

    Eu tenho uma teoria sobre isso. O crescimento do Haddad realmente não tem nada a ver com Lula. Tem mais a ver com mágica mesmo. Bruxaria braba, que só pode ser feita por uma pessoa ou um grupo com muito, mas muito dinheiro mesmo.

    Não estou dizendo que ele é corrupto e que está comprando as pesquisas. Eu jamais ligaria alguém tão honesto como Haddad a algo assim. Nem acusaria o PT disso.

    Mesmo que o mentor do candidato e a figura central do partido seja um presidiário. Mesmo que o Haddad tenha passado mais tempo na cadeia nos últimos meses, visitando seu amigo do que fazendo campanha na rua, isso não faz dele um bandido também.

    Mesmo que sua vice seja do Partido Comunista do Brasil. Quem sou eu para dizer que o Comunismo é ruim? Deixo isso para todos os livros de história sérios já escritos.

    E, sobre o futuro do Brasil e do Haddad? Isso, literalmente, entrará para os anais da história. Afinal, que outro lugar seria mais adequado?

    Acredite: existem motivos reais para a desconfiança

    Durante uma transmissão ao vivo realizada no último domingo diretamente do hospital onde está internado em São Paulo, o candidato Jair Bolsonaro fez uma declaração um tanto quanto curiosa. Ele disse que existe uma possibilidade concreta de que ele perca a eleição para o candidato do PT, Fernando Haddad, através de uma fraude. E ele foi mais longe. Disse que o PT descobriu o caminho para o poder e que esse caminho é o voto eletrônico.

    Como quase tudo o que ele diz, a afirmação gerou polêmica. Tanto que o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli, correu para contestar as afirmações de Bolsonaro, usando um argumento aparentemente lógico, mas bem simplório na verdade. Segundo ele, Bolsonaro sempre foi eleito como deputado por meio da urna eletrônica, o que atesta que o equipamento é seguro.

    Eu não vou entrar no mérito de que existe um abismo brutal entre forjar a uma eleição para presidente e uma para deputado, mesmo que federal, do que para presidente. Ainda mais considerando a situação que vivemos agora, nesse momento.

    Bom, continuando a novela, na tarde de ontem, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a ministra Rosa Weber, também se pronunciou defendendo as urnas eletrônicas. Segundo ela:

    Temos 22 anos de utilização de urnas eletrônicas. Não há nenhum caso de fraude comprovado. As pessoas são livres para expressar a própria opinião, mas quando essa opinião é desconectada da realidade, nós temos que buscar os dados da realidade. Para mim, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, as urnas são absolutamente confiáveis.

    E você? Acredita no que? Você acha que as urnas são seguras? A empresa de segurança digital Avast realizou uma pesquisa para saber o que os brasileiros pensam sobre isso. O resultado não surpreendeu ninguém: 91,84% dos brasileiros acreditam que o sistema eletrônico pode ser violado. Ou seja, apenas 1 em cada 10 brasileiros acredita que as urnas são confiáveis.

    E agora vamos aos fatos: existem motivos reais para a desconfiança! Ponto final.

    Pesquisadores de segurança e professores universitários já vem falando sobre isso desde 2002, dizendo que existem pontos de falha nas urnas.

    Todos os anos, o TSE atualiza os equipamentos para tentar evitar fraudes. E, ao longo dos vários anos de utilização das urnas, já foram encomendados vários testes para discutir a segurança. O primeiro relatório sobre o assunto foi elaborado por professores da Unicamp e recebeu conclusões bem ambíguas. Tanto que outros estudos forma necessários.

    Um dos relatórios, conhecido como BRISA e elaborado pelo principal engenheiro por trás da urna eletrônica, mostrou que as urnas brasileiras não atendiam aos parâmetros internacionais de transparência.

    Mas o estudo mais polêmico foi o Relatório UNB (que você pode ler clicando AQUI), realizado por uma equipe de professores da Universidade de Brasília que atestou a possibilidade de quebra do sigilo na urna e uma possível adulteração dos votos. Em apenas um teste, os pesquisadores conseguiram quebrar o sigilo dentro das urnas. Imediatamente o TSE afirmou que uma simples melhora no sistema já era suficiente para resolver estes problemas. Mas…

    Será que é assim tão simples mesmo?

    Não sei se você se lembra, mas em 2012, um hacker de 19 anos assumiu que executou uma fraude nas eleições municipais do Rio de Janeiro. E ele fez isso de uma forma bem simples, modificando o resultado os votos no momento em que eles eram enviados das urnas para o sistema que contabiliza os votos.

    E esse é só um exemplo conhecido.

    O que eu estou querendo dizer é que o assunto é importante e merece atenção sim. É claro que os ministros vão minimizar o caso, mas, acompanhando a política atual, sabemos que é preciso desconfiar de tudo. Até onde eu sei, nem a ministra Rosa Webere muito menos o ministro Dias Toffoli são especialistas em segurança digital para afirmarem isso com tanta certeza, aina mais com todas.

    Equipamentos eletrônicos não são 100% seguros. Quem acredita nisso é ingênuo.

    E quem contesta essa verdade só faz isso por uma das duas alternativas: ou por que é muito burro… ou por que está querendo esconder alguma coisa.

    A Coréia do Norte me parece um bom lugar

    Não sei você, mas a cada dia que passa eu fico mais indeciso sobre as eleições. Sobre quem votar e sobre quem vai vencer, já que nossa vontade não está necessariamente atrelada a realidade.

    Quem eu gostaria que ganhasse não é necessariamente quem vai ganhar. Ao mesmo tempo, quem eu acho que deveria ganhar não é, necessariamente quem eu gostaria que ganhasse. Se tem uma coisa que o Batman nos ensinou é que existe uma diferença entre o herói que queremos, o herói que precisamos e o herói que merecemos.

    Mas o que eu estou querendo dizer com tudo isso? Bom, como sempre acontece nas eleições, todos os dias eu ouço os partidários de todos os candidatos dizendo que eles estão subindo nas pesquisas e que vão ganhar. Falam com a convicção cega de quem realmente acredita nas loucuras que fala.

    E quem mais faz isso são as turmas do PT e do PSDB. Os partidos mais polarizadores e que, contraditoriamente, representam a mesma coisa quando pensamos em esquerda e direita. Eles permanecem a margem, o pior lugar que alguém poderia estar. São a representação clara da indecisão e da falta opinião própria.

    Enquanto os iludidos elegem Lula com o messias do século 20, os mesmos não são capazes de enxergar esse espírito em Haddad, cada vez mais desconhecido. A sua passagem para o segundo turno seria algo que me surpreenderia mais do que a vitória do Eymael, nosso democrata cristão, que sai do sarcófago a cada quatro anos com sua música inesquecível.

    Ao mesmo tempo, temos as pessoas que afirmam com todas as letras que essa eleição já está garantida para Geraldo Alckmin, já que ele tem mais tempo de TV e uma coligação extensa. Eu já falei aqui sobre como a internet vai ser mais importante do que a TV nessa eleição, mas parece que os marqueteiros políticos ainda não entenderam isso.

    E eis que eu abro um site de notícias muito confiável e me deparo com a seguinte notícia: em vários lugares do Brasil, há candidatos a deputado estadual e federal de partidos como DEM e PP que têm distribuído santinhos em que pedem votos para Fernando Haddad, o candidato do PT para presidente.

    Caso você não saiba, o DEM e o PP fazem parte dos nove partidos que integram a gigantesca coligação que garantiu a Alckmin o maior tempo de propaganda na TV. E não acaba aí não. Os candidatos que não estão fazendo campanha para o rival estão omitindo a presença de Alckmin nos panfletos. Eu diria que isso é, no mínimo curioso.

    Eu não sei se isso é descrença total no PSDB por parte de seus próprios membros ou desespero do PT pelo fracasso da campanha atrasada e completamente confusa do Haddad. Só sei que a política brasileira me diverte cada vez mais. Em mesma proporção ela me apavora.

    E apavora tanto que… Vendo a nossa situação, até a Coreia do Norte já não me parece um lugar tão assustador.