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    Paulo Coelho: A indústria editorial se adapta ou morre

    Este texto é bem antigo e foi publicado pela Veja em 2010. Ainda assim, é muito atual. Confira.

    “Ou a indústria editorial se adapta ou morre.” A afirmação, com pretensão de sentença, é do escritor best seller Paulo Coelho. O criador de O Alquimista se refere, é claro, à suposta ameaça que os e-books, livros em formato digital, oferecem ao modelo consagrado.

    De olho na onda virtual que já começou, ele resolveu surfar: foi o primeiro autor brasileiro a transformar toda a sua obra em e-books e colocá-la à venda na Amazon. Desde janeiro, os adeptos do e-reader Kindle, dispositivo de leitura eletrônica da livraria on-line, podem comprar, por exemplo, a edição virtual de Veronika Decide Morrer por 9,19 dólares (equivalente a 16 reais) – em papel, disponível na Amazon só em inglês, sai por 11,19 dólares (19,50 reais); nas livrarias brasileiras, em português, custa 24,90 reias.

    Na Amazon é possível encontrar também e-books em inglês, francês e espanhol assinados pelo “ex-mago” – título que, há alguns anos, ele preteriu pelo de “imortal” da Academia Brasileira de Letras. Na entrevista abaixo, realizada por e-mail, Coelho fala sobre o avanço das obras e dispositivos de leitura em formato digital, critica editores brasileiros e prevê que os celulares darão novo fôlego à literatura.

    Veja.com: O senhor foi um dos primeiros escritores a oferecer suas obras em formato digital. Por quê?

    Paulo Coelho: Porque o universo de leitura está se ampliando para além dos livros. Hoje em dia, com Twitter, Facebook e meu blog, estou diariamente escrevendo, única e exclusivamente por prazer, para este tipo de plataforma. O e-book é apenas um suporte diferente para o formato clássico.

    Veja.com:Qual foi a reação de seu editor quando o senhor optou por vender os direitos digitais de suas obras diretamente para a Amazon?

    Coelho: Eu sempre retive os direitos eletrônicos. Vendi os da língua inglesa para a editora HarperCollins, porque ela veio com uma proposta clara e consistente. As outras propostas mostravam um certo desconhecimento do mercado. Como adoro internet, imaginei que em algum momento os suportes que não dependessem do papel iriam terminar vingando. Há tentativas desde a década passada, mas o Kindle foi o primeiro projeto consistente, e resolvi apostar em outras línguas além do inglês. Colocar meus livros em português não foi difícil, mas para conseguir comprar as traduções em outras línguas demorou mais que imaginava. Em primeiro lugar, porque nenhum autor tinha proposto isso. Em segundo, porque embora os editores vejam o potencial do e-reader, ainda não conseguiram saber exatamente quais os próximos passos.

    Veja.com: Como o senhor vê a chegada dos e-readers e o impacto disso no mercado editorial?

    Coelho: O impacto será a longo prazo, mas virá. Não é um factóide para chamar atenção para a literatura, mas uma mudança radical, como foi a do disco para o suporte digital. E da mesma maneira como a indústria da música sentiu o impacto da internet, a indústria editorial ou se adapta ou morre. Por outro lado, assim como o teatro continuou existindo depois do cinema, e o cinema continuou existindo depois da televisão, o mesmo acontecerá com o livro em papel e o livro digital.

    Veja.com: No Brasil, os editores discutem bastante, mas parecem não fazer ideia do que vai acontecer.

    Coelho: Os editores do mundo inteiro estão discutindo muito. Mas os ingleses e americanos estão agindo enquanto os outros discutem. A minha parceria com a HarperCollins tem dado resultados excelentes.

    Veja.com: É possível pensar no fim das livrarias?

    Coelho: O que mais me preocupa são as livrarias. Não há nada melhor que uma livraria: convívio, atmosfera, possibilidade de encontros interessantes. Mas também, há alguns anos, o mercado nota uma nova tendência: em todos os países as grandes cadeias estão tomando o lugar das livrarias independentes. De qualquer maneira, tenho certeza de que as livrarias continuarão existindo, como um lugar de culto, de respeito.

    Veja.com: Há alguma diferença entre escrever para o papel e para o livro digital?

    Coelho: Existe uma grande diferença entre escrever para uma plataforma digital, como um blog, e para um livro. São duas linguagens que não combinam. Mas a única diferença que existe entre o papel e o digital é o suporte para leitura.

    Veja.com: Teme-se que e-book abra espaço para um novo tipo de pirataria. Como ficaria a remuneração dos autores?

    Coelho: Pirataria de livros já existe desde que os sites P2P (peer-to-peer, ou par a par, rede de computadores que permite a troca de dados entre usuários) foram criados. Mas com o e-book vai ficar muitíssimo mais difícil, porque vem com arquivos encriptados – não é a mesma coisa que copiar ou escanear um livro e colocar na web. Com relação à remuneração de autores: o autor pode vender diretamente para a livraria virtual e passar o resto dos seus dias se chateando com faturas, contas, problemas etc. Ou pode fazer como eu fiz: escolher uma editora que se encarrega disso, e remunerá-la com uma pequena porcentagem. No meu caso, a Gold Editora se encarregou de tudo. Nós só fornecemos as traduções e os livros originais em português. Entretanto, se você está falando da remuneração de autores sendo lesada pela “pirataria”: eu tenho livros (físicos) piratas em quase todos os países da África, alguns da America Latina, e no continente asiático. Você acha que isso me chateia? A pirataria, neste caso, é uma glória – só autores que vendem muito são pirateados.

    Veja.com: O senhor acredita que os e-books podem ajudar a conquistar novos leitores? Ou mais: a aumentar o índice de leitura num país como o Brasil?

    Coelho: Não, porque o suporte custa caro. O que eventualmente poderá ajudar a conquistar leitores, mas leitores de um outro tipo de texto, será o telefone celular. O escritor do futuro será capaz de escrever Guerra e Paz em dez páginas.

    Veja.com: O senhor tem um e-reader? Afinal, como é ler nesse tipo de equipamento?

    Coelho: Tenho o Sony e o Kindle. Hoje em dia, como viajo muito, só tenho lido nesse tipo de suporte. Compro o novo livro na hora utilizando as redes wi-fi, carrego menos peso. É justamente pela facilidade de comprar livros que a indústria do e-book está se movimentando mais.

    Os Últimos Heróis – Crítica Jornal Ilustrado

    Matheus Araújo Prado nasceu na cidade de Iguatemi (MS), mas atualmente reside em Umuarama. Sempre foi apaixonado por História Militar e pela Segunda Guerra Mundial. Quando prestou o Serviço Militar Obrigatório, no Tiro de Guerra local, essa fascinação aumentou e a possibilidade de escrever um livro com o Exército como temática se fez presente. O livro “Os Últimos Heróis” tem como tema um pracinha da FEB, a Força Expedicionária Brasileira, que, durante a Segunda Guerra Mundial, atuou gloriosamente no Teatro de Operações Europeu, mais precisamente, na Itália.

    Quando o leitor se aprofunda na leitura do livro de Matheus, “Os Últimos Heróis”, tem a nítida impressão de que a obra foi escrita por um soldado ou um veterano correspondente de guerra, tão precisas e detalhadas são as informações que percorrem as milhares de linhas das quase duzentas páginas.

    O livro, é sem favor nenhum, uma rica fonte para um roteiro cinematográfico. A história narrada por esse jovem escritor, cineasta, músico e publicitário, destila todo o fascínio que ele nutre pela História Militar e, em especial, pela bravura dos “Pracinhas” que lutaram valentemente em terras italianas durante a Segunda Guerra Mundial, conflito que estremeceu o planeta na segunda metade da década de 1940 e que ficou marcado como o maior atentado à Humanidade da História Universal.

    Segundo Matheus Araújo Prado confessou à Coluna ITALO, o principal motivo de “Os Últimos Heróis” ter sido escrito, além de contar a história da grande – porém esquecida – participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, foi “o desejo de registrar histórias familiares, transmitidas por minha avó ao meu pai, que consequentemente, as transmitiu a mim algum tempo depois”. Essas histórias falavam, na sua grande maioria, dos feitos de seu “tio Diogo”, um primo distante da avó de Matheus que havia conseguido o extraordinário feito de lutar na guerra e voltar vivo e inteiro para casa, apesar de trazer consigo algumas seqüelas emocionais incuráveis”. “Mas alguns personagens que aparecem ao longo da história, apesar de terem sido engenhosamente encaixados em situações fictícias que envolviam Diogo, existiram de fato”, revela o autor de “Os Últimos Heróis”, livro que foi lançado há poucos dias e que é o primeiro de uma série tendo como foco a Força Expedicionária Brasileira (FEB).

    Serão três livros e Matheus já concluiu o segundo e esta estruturando o terceiro. Em primeira mão, o escritor adiantou que o segundo livro se chama “Onde Nascem as Dores”. Enquanto os outros quatro não chegam, recomendamos aos apaixonados pela literatura conferir “Os Últimos Heróis”, através do site Clube de Autores. Esta é uma obra que merece ser lida, relida e de figurar numa biblioteca seleta de títulos de primeira grandeza.

    Recomendo: é leitura da melhor qualidade!


    Por ITALO FÁBIO CASCIOLA, Colunista do Jornal Umuarama Ilustrado