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    Como criar uma grande narrativa: conheça os 7 elementos essenciais das histórias

    Muitas pessoas chegam até este site com um objetivo específico: descobrir a melhor forma de transformar uma ideia ou um conceito simples em uma história propriamente dita. Em algo que possa ser entendido e sentido pelas pessoas.

    Há vários outros artigos que publiquei com este objetivo, mas nenhum é tão completo quanto este. A partir de agora, você vai receber um passo a passo completo e muito simples, que vai te dar todos os direcionamentos para criar uma história transformadora.

    E tudo o que você precisa para isso é dominar os sete elementos essenciais de uma história: tema, personagem, cenário, trama, conflito, ponto de vista e estilo.

    1. Tema

    Descobrir qual o tema da sua história é o primeiro passo, se você realmente quer desenvolver uma narrativa clara e transformadora. É fundamental entender o que está te motivando a escrever esta história e que lição ou mensagem você está tentando transmitir. Toda história passa uma mensagem, queira você ou não. Vale aquela máxima: a ausência de mensagem também é uma mensagem.

    Qual sentimento você quer transmitir? Que sensação você quer causar na sua audiência? Em que espectro emocional você quer que ele se encontre quando terminar de consumir sua história?

    Um tema claro e planejado é fundamental para fazer com que a história fique gravada na mente dos seus leitores. Mas vale um adendo: você não precisa esfregar esse tema na cara de ninguém. Ele é mais importante para o seu planejamento do que para o leitor em si. Crie maneiras inteligentes de fazer o leitor tirar suas próprias conclusões.

    2. Personagens

    Gosto de dizer que os personagens são o coração pulsante de qualquer narrativa. É impossível contar uma história sem personagens, ao mesmo tempo em que é (praticamente) impossível contar uma boa história sem bons personagens.

    Os personagens acrescentam aquilo que toda história precisa para funcionar: humanidade e empatia. Sua audiência precisa se importar com os seus personagens para abraçar a história e ela só fará isso se sentir algum nível de conexão com esses personagens.

    São as personalidades e as interações entre os personagens que criam o conflito necessário para elevar uma história simples ao próximo nível. Também é isso que faz com o que o leitor se imagine vivendo na pele daquele personagem. Sentindo as dores que ele sente e imaginando como seria se a vida dele fosse aquela.

    Se eles fizerem isso, ou se reconhecerem aspectos da personalidade dos personagens em pessoas que eles conhecem, desenvolverão uma conexão mais forte com sua história.

    3. Cenário

    Basicamente, o cenário é o ambiente onde a sua história se passa. Esse ambiente pode ser um mundo complemente criado por você, como a Terra Média do Tolkien, ou uma união entre o imaginário e a nossa realidade, como vemos nos livros da série Harry Potter.

    Isso não importa. A única coisa que você precisa entender é que, ainda que esteja usando a nossa realidade como plano de fundo, é fundamental apresentar um ponto de vista único e cativante.

    Muitos autores fazem isso quebrando a expectativa. Em 2011, Jon Favreau fez isso com Cowboys & Aliens. É verdade que o filme não é tão bom assim, mas tem uma premissa única. Quantas outras vezes você viu cowboys enfrentando alienígenas em pleno século XIX?

    E aqui vai uma dica na contramão do que já disse. Você precisa criar uma cenário interessante, mas também não deve encher o saco do leitor com muitas informações sobre esse mundo. Essa é a principal crítica de leitores de fantasia.

    Muitos autores se apaixonam por seus cenários e acabam enchendo as histórias de infodump, que são aquelas informações desnecessárias, presentes apenas para mostrar como o autor realizou uma grande pesquisa.

    O cenário estão lá para criar imersão, para situar o público no espaço e no tempo. É fundamental que a sua história crie uma janela para um mundo único, inexplorado, mas sem se transformar em um livro didático.

    4. Trama

    Agora nós chegamos no que importa. Na história, propriamente dita. A trama ou o enredo é, de fato, o que acontece na sua história. Neste tópico, você terá uma breve introdução sobre o tema, mas já adianto que isso exige muito estudo e pesquisa.

    Ainda que alguns autores sejam capazes de criar tramas memoráveis de forma empírica, sem estudo, já adianto que isso é uma excessão. O estudo deve ser visto como uma forma de refinar conhecimentos e encurtar distâncias.

    Uma das chaves para contar uma boa história é organizar os acontecimentos de uma forma específica.

    A primeira opção é seguir a ordem cronólogica, que mostra os acontecimentos do jeito que eles ocorreram, na sequencia natural.

    • Joana chega na cidade;
    • Joana conhece Marcos no supermercado;
    • Marcos apresenta Joana a seus amigos;
    • Joana descobre que Marcos faz parte de um culto;
    • Marcos e o culto tentam sacrificar Joana;
    • Joana mata Marcos e foge do culto.

    A segunda opção é seguir a ordem atemporal, que mostra os acontecimentos na sequencia que você preferir, independente do momento em que eles aconteceram.

    • Marcos e o culto tentam sacrificar Joana;
    • Joana conhece Marcos no supermercado;
    • Marcos apresenta Joana a seus amigos;
    • Joana chega na cidade;
    • Joana descobre que Marcos faz parte de um culto;
    • Joana mata Marcos e foge do culto.

    Esse formato atemporal pode ser uma ótima pedida se você quiser aumentar a tensão. O público sabe que, em algum momento, tudo vai dar errado. Agora eles querem saber os acontecimentos que levaram até aquele momento.

    Mas é importante ressaltar que os fatos não podem ser aleatórios, mesmo quando não seguem a ordem cronológica. Cada fato deve ser consequência do fato anterior. É por isso que muitos escritores constroem suas histórias em ordem cronológica e depois embaralham as cenas.

    5. Conflito

    Isso é inegável: o conflito é o motor que impulsiona toda a história. É IMPOSSÍVEL criar uma boa história sem desenvolver algum tipo de conflito, por menor que ele seja.

    Muitos dizem que escrita não tem regra, mas eu gosto de dizer que ela tem apenas uma: você precisa de um conflito.

    O conflito é exatamente o que o nome sugere. Um problema, um desentendimento, uma perturbação na ordem natural das coisas.

    Ele é tudo o que impede um personagem de atingir o objetivo que ele almeja. E assim como esse objetivo pode ser qualquer coisa, o conflito também pode ser qualquer coisa, desde uma pessoa até uma doença, uma tempestade, uma invasão alienígena ou uma maldição.

    E é por meio do conflito que você cria tensão na sua história.

    Há vários tipos de conflitos, mas eu não vou me aprofunda muito nisso aqui. Você pode clicar aqui e ler mais artigos sobre o tema. Em breve, também postaria uma série focada em conflitos lá no meu canal no YouTube. Aguarde.

    6. Ponto de vista

    Há um ditado que diz que toda história tem três lados: o meu, o seu e a verdade. Isso faz sentido, mas a verdade é ainda mais incrível. Uma mesma história pode ter centenas diversões, dependendo de quem está contando.

    É só olhar os depoimentos de pessoas que presenciaram acidentes, crimes ou fatos marcantes. Cada um sente o que presencia e se expressa com base em sua própria vivencia, na forma como foi criado ou do círculo social ao qual está inserido. A violência soa diferente para pessoas diferentes.

    Particularmente, sou muito sensível a violência gráfica. Filmes com altas doses de violência me deixam mais impactado. Uma determinada cena de “Tropa de Elite 2”, que nem é tão gráfica, me deixou pensativo por dias, devido a profundidade do crime mostrado. Tanto que, quando fui conversar com meus amigos sobre esse filme, foi a primeira coisa que falei.

    Ao mesmo tempo, filmes como Deadpool não me afetam em nada. Ainda que haja níveis muito maiores de violência, ela é transmitida sobre outra ótica. E quem está comentando aquele atos é o “herói”. Isso nos cria um sentimento de justiça, como se tudo fosse necessário.

    Essa é a importância do ponto de vista. O Coringa é o herói ou o vilão? Depende do escritor. Forest Gump era um idiota ou um santo? Depende do ponto de vista.

    A maioria dos autores escolhe um único personagem e conta a história sobre o ponto de vista dele. Outros, como George Martin, preferem alternar essa perspectiva ao longo da trama. Cada opção exige níveis diferentes de trabalho, atenção e experiência.

    7. Estilo

    Por fim, chegamos ao estilo e não e difícil entender o que isso significa. O estilo é o que difere um artista do outro. É a impressão digital do escritor, por assim dizer. É o que faz você amar determinada autor e odiar outro, mesmo que ambos escrevam sobre o mesmo gênero.

    Todo escritor começa copiando outros escritores. Não tem como fugir disso, porque o estilo próprio só surge com o tempo, como uma mistura de muitas referências, opiniões e conhecimentos.

    Por isso, não tenha medo de conhecer novos livros, assistir novos filmes, ouvir novas músicas e consumir novas obras, mesmo que sejam de gêneros que você não costuma apreciar. Acumular uma bagagem cultural vasta e eclética é a melhor forma de desenvolver um estilo único e atraente.

    Não há estilo “bom” nem estilo “ruim”. Se você não gosto de determinado autor, isso não quer dizer que o estilo dele é ruim, apenas que não é o ideal para você.

    Particularmente, não gosto dos filmes do Stanley Kubrick. Muitos me julgam por isso e dizer que não entendo nada de cinema. Mas a verdade é que eu simplesmente não aprecio o estilo que ele desenvolveu, nem os pontos de vista que ele abraço e nem as referencias que ele manifesta. Não tem nada de errado com a obra dele e nem comigo. Aceite isso.

    Conclusão

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    Matheus Prado
    Matheus Pradohttps://conteudo.matheusprado.com.br/
    Matheus é jornalista, escritor e cineasta. Acredita que a vida é um oceano profundo e que devemos nos aventurar muito além da superfície.

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