No dia 31 de outubro de 2002, no dia das Bruxas, um casal foi assassinado em sua residência no Brooklin, em São Paulo. Os dois estavam dormindo na hora do ataque e não conseguiram reagir. Os assassinos, dois irmãos, cometeram o crime utilizando marretas, seguindo as ordens da filha do casal.
Esse poderia ser o roteiro de um filme de terror, mas é a história de Suzane, uma pobre garota rica que tinha 19 anos quando planejou o assassinato de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen.
Essa história você conhece, não é? Ela foi amplamente divulgada pela mídia na época e gera muitas polêmicas e muitas dúvidas até os dias de hoje. Tanto que agora, 16 anos depois, será levada para os cinemas. É o clássico jargão, só que ao contrário: a arte imitando a vida.
O filme terá um nome super original: “A menina que matou os pais” e foi anunciado pela produtora Vitrine Filmes.
Como amante do cinema, eu fico feliz com a notícia. Mas, ao mesmo tempo, uma certa tristeza me bate. Por que será que gostamos tanto de histórias assim? Por que nos interessamos mais pelos assassinos do que pelas vítimas?
Na noite do dia 5 de outubro de 2017, morria a professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos. Talvez você nem se lembre dela, mas, horas antes de morrer, ela enfrentou um homem que incendiou uma creche em Janaúba, no Norte de Minas Gerais. Heley teve 90% do corpo queimado quando enquanto tentava impedir que o assassino, que trabalhava como segurança na creche, colocasse fogo nas crianças.
Essa história não chegará aos cinemas tão cedo. Talvez nunca chegue. As pessoas se sensibilizam com os heróis, mas o fato é que vivemos em um tempo em que ser honesto é motivo de vergonha. Um tempo dominado pelos espertos. Um tempo em que a história de uma garota rica que assassina os pais é mais interessante do que a história de uma professora pobre que salvou dezenas de crianças.