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    RESENHA: A Cidade dos Milagres | uma proposta interessante, mas superficial

    O que torna um homem grandioso? Com essa pergunta se inicia a leitura de A Cidade dos Milagres, o primeiro livro de Christian Gurtner, autor do incrível podcast Escriba Cafe. A pergunta consegue intrigar e faz com que você deseje muito saber o que vai acontecer. Afinal, essa é uma dúvida eterna!

    Logo no primeiro capítulo somos apresentados a Dom Aligneri, o protagonista da trama. E aqui vai a primeira crítica ao  livro, mas que não chega a ser negativa. Eu gostaria de saber mais sobre o Dom e sua vida antes dos acontecimentos narrados. Ao longo da história, não fica claro o que ele fazia realmente. O livro diz apenas:

    Com seus trinta e dois anos, Dom era jornalista, artista, historiador e várias outras coisas que os “bicos” que ele arranjava exigiam.

    Deixo claro que haverá spoilers apenas do primeiro capítulo, o qual o autor disponibilizou gratuitamente através deste link. Isso será necessário, tanto para aguçar sua curiosidade quanto para situá-lo no mundo criado por Gurtner.

    A história gira em torno de um ato de loucura. Dom decide roubar um banco para saciar um prazer inumano, uma vontade louca de sentir emoção, adrenalina e se aventurar… Essas coisas das quais todo ser humano sente falta em algum momento da vida. Para roubar o banco, Dom causa uma grande explosão, numa hora do dia onde, supostamente, não haveria ninguém no prédio. Mas algo da errado e um segurança acaba sendo morto. E Dom mergulha num profundo sentimento do culpa. Para se redimir, ele decide doar o dinheiro para os necessitados e é aí que a história de verdade começa.

    Gurtner, assim como em seu podcast, tem uma habilidade tremenda de descrever os atos de uma forma cinematográfica. O primeiro capítulo já mostra isso, mas ao longo do livro, principalmente nos trechos finais, este talento é ampliado e isso agrega muito na história. Por outro lado, preciso confessar que achei certos personagens meio rasos. O par romântico de Dom, por exemplo, aparece quase que do nada e não sabemos absolutamente nada sobre ela.

    É verdade que o livro não é sobre isso. Ele é focado em outras coisas, como a missão de Dom e seus medos e desejos. Na vontade de mudar o mundo, ainda que isso custe a vida. O livro desenvolve muito bem o seu papel neste ponto. Mas eu notei que, talvez, este também seja o defeito grave do livro. Se prender a história principal e abandonar as outras.

    Um ponto excelente que quero apresentar é que, como eu já disse, Gurtner segue um ritmo de linguagem cinematográfico, com cortes secos de uma cena para outra, fazendo com que as imagens se forme na nossa cabeça de forma natural, sem forçação de de barra. O livro não é complicado e isso, ao contrário do que as pessoas pensam, é algo ótimo. A leitura se torna prazerosa e simples. Você lê, mas na sua cabeça, parece que a história foi contada por um amigo seu, tamanha a habilidade do escritor em apresentar os fatos.

    Para finalizar, digo que A Cidade dos Milagres é um livro curto, daqueles que você consegue devorar em poucas horas, mas que você não consegue deixar de ler um segundo sequer. E é impossível ler sem imaginar que se está assistindo um filme. Poderia ser adaptado para o cinema facilmente e renderia uma excelente diversão.

    Vale muito a pena ser lido.

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    As vésperas de ir para a guerra, o soldado Diogo Prado vê sua vida desmoronar ao ser abandonado pela mulher que amava. Mas, em meio ao duro confronto, sua vida volta a ter sentido em virtude da amizade que desenvolve com o cômico soldado Almeida e com o imponente e altruísta sargento Teodoro.

    Durante a II Guerra Mundia, Diogo aprende muito ao ver como a vida pode nos surpreender a todo instante. Ao mesmo tempo que enfrenta os horrores da guerra, ele descobre o que realmente é companheirismo e trabalho de equipe.

    Seguindo de perto os passos de um Grupo de Patrulha do 1º Regimento de Infantaria, este livro te transportará ao universo da Segunda Guerra Mundial, usando os campos gelados da Itália como palco para a trama.

    Os 15 mandamentos do Escritor

    Se você quer ser escritor, acima de tudo é necessário escrever. Nenhum atalho te levará ao topo. Mas isso não te impede de ouvir (ler) algumas dicas preciosas de alguns dos maiores autores de todos os tempos, não é mesmo?

    Neste post você encontrar uma compilação de conselhos literários de quatro nomes fundamentais da literatura mundial dos últimos 150 anos: Friedrich Nietzsche, Ernest Hemingway, Juan Carlos Onetti e Gabriel García Már­quez.

    A compilação reúne citações de textos publicados na “The Paris Review”, na “Esqui­re” e no “The Observer”. Os con­selhos literários de Ernest Hemingway foram adaptados por ele do Star Copy Style, o manual de redação do Kansas City Star, onde o mesmo começou sua carreira jornalística em 1917.

    Bom. Deixa de papo e vamos aos conselhos/mandamentos:

    1 — Mintam sempre.
    (Juan Carlos Onetti)

    2 — Elimine toda palavra supérflua.
    (Ernest Hemingway)

    3 — Uma coisa é uma história longa e outra é uma história alongada.
    (Gabriel García Márquez)

    4 — Antes de segurar a caneta, é preciso saber exatamente como se expressaria de viva voz o que se tem que dizer. Escrever deve ser apenas uma imitação.
    (Friedrich Nietzsche)

    5 — Não sacrifiquem a sinceridade literária por nada. Nem a política, nem o triunfo. Escrevam sempre para esse outro, silencioso e implacável, que levamos conosco e não é possível enganar. (Juan Carlos Onetti)

    6 — Use frases curtas. Use parágrafos de abertura curtos. Use seu idioma de maneira vigorosa. (Ernest Hemingway)

    7 — Não force o leitor a ler uma frase novamente para compreender seu sentido.
    (Gabriel García Márquez)

    8 — O escritor está longe de possuir todos os meios do orador. Deve, pois, inspirar-se em uma forma de discurso expressiva. O resultado escrito, de qualquer modo, aparecerá mais apagado que seu modelo.
    (Friedrich Nietzsche)

    9 — Não escrevam jamais pensando na crítica, nos amigos ou parentes, na doce noiva ou esposa. Nem sequer no leitor hipotético.
    (Juan Carlos Onetti)

    10 — Evite o uso de adjetivos, especialmente os extravagantes, como “esplêndido”, “deslumbrante”, “grandioso”, “magnífico”, “suntuoso”.
    (Ernest Hemingway)

    11 — Se você se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece lendo.
    (Gabriel García Márquez)

    12 — A riqueza da vida se traduz na riqueza dos gestos. É preciso aprender a considerar tudo como um gesto: a longitude e a pausa das frases, a pontuação, as respirações; também a escolha das palavras e a sucessão dos argumentos.
    (Friedrich Nietzsche)

    13 — Não se limitem a ler os livros já consagrados. Proust e Joyce foram depreciados quando mostraram o nariz. Hoje são gênios.
    (Juan Carlos Onetti)

    14 — O final de uma história deve ser escrito quando você ainda estiver na metade.(Gabriel García Márquez)

    15 — O tato do bom prosador na escolha de seus meios consiste em aproximar-se da poesia até roçá-la, mas sem ultrapassar jamais o limite que a separa.
    (Friedrich Nietzsche)

    O clichê de ser original

    Ser original, muitas vezes, parece impossível. A impressão que temos é que tudo nesse mundo já foi escrito e mostrado e que não importa como fizermos, sempre soaremos como uma cópia. Mas isso não é verdade.

    Sabe por que? É simples. Ninguém vê o mundo como você vê. A sua forma de pensa é única e dessa forma, a sua forma de escrever também é única. Se você não passa o dia inteiro tentando soar como o Stephen King ou como o Tolkien – e mesmo que você faça isso – é bem provável que você já tenha criado um estilo único, que não poderá ser copiado e que fará com que os seus leitores reconheçam facilmente o seu texto.

    Por mais que algumas pessoas não gostem de admitir isso, até mesmo a Stephenie Meyer foi original quando ela escreveu o seu maior sucesso, a saga Crepúsculo. Há grandes novidades na sua história, ainda que muitos possam considerar tais novidades de gosto duvidoso. Mas o fato é que os livros da franquia, de certa forma, são diferentes dos outros livros de vampiros que existiam até então. E eles inspiraram muitos “crepúsculos genéricos” que vieram depois.

    Quando estou selecionando os livros enviados ao selo Novos Autores da Maori Books, não é raro ler livros totalmente inspirados – para não dizer copiados – em sucessos mundiais. Isso não é ruim. Há quem diga que Harry Potter é uma cópia de O Senhor dos Anéis, embora eu ache isso um exagero. O que você precisa ponderar é se isso te fará mesmo feliz. Você quer ser conhecido como a pessoa que escreve exatamente igual ao Kafka? Quer ser conhecido como um clone do estilo do George R. R. Martin?

    Pode parecer um elogio para algumas pessoas quando se é comparado com um grande escritor, mas, pra mim, sempre soou de forma negativa. Eu sempre pensava: “Meu Deus, estou fazendo algo muito errado…” E então eu parava de ler aquele dito autor por um tempo e me cercava de autores diversos, para fugir daquele paradigma. Sugiro que faça o mesmo se procura ser original.

    Outra forma de ser original é usar as novas tecnologias disponíveis ao seu favor. Nessas horas, aplicativos de celular e tablets podem ser extremamente uteis. Imagine que você escreveu um romance épico de fantasia. Para complementar o livro, você desenvolveu um aplicativo com todos os apêndices, informações extras sobre o mundo, as raças, os povos e tudo mais que possa interessar aos seus leitores. Você consegue imaginar com isso agregaria a sua imagem e ao seu livro?

    Mas o ponto é somente um. Você não precisa investir na velha formula só por ter medo de não conseguir se destacar. As pessoas anseiam pelo novo. Elas querem ser surpreendidas. Se você tem mais de 20 anos deve se lembrar de como foi incrível assistir Matrix pela primeira. Ainda que a história possua muitas referências e tenha sido inspirada por diversas fontes, ainda assim ela é original. E os efeitos visuais também eram completamente novos, incríveis. Enchiam os olhos.

    O mesmo, infelizmente, não aconteceu com Matrix Reloaded e Revolutions, as continuações do filme, que possuem roteiros fracos e pouco originais, cheios de clichês. Fica claro a cada cena que estes filmes foram feitos visando uma única coisa: o lucro.

    Não cometa este erro. Sempre quando se sentar diante da folha em branco, pense: “Como eu posso contar esta história (seja ela qual for) de uma forma que não poderia ser contada por mais ninguém?” Talvez a resposta não venha de imediato, mas conforme você começar a escrever, ela certamente virá. Acredite em você. Confie nos seus instintos. Seja original sempre.

    PS: É… Sim, eu sei. Não precisa dizer nada. Eu sei que é muito clichê dizer que todos precisam ser originais. Mas fazer o que?


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    A Jornada do Escritor

    O objetivo deste post não é substituir nenhum dos milhares de posts, livros e manuais com a mesma temática, alguns melhores outros priores, disponíveis por aí. Muito pelo contrário. Se você preferir utilizar as ideias aqui apresentadas em parceria com outros estudos e fórmulas de outros autores, as chances de obter bons resultados são ainda maiores.

    E é por isso que vou recomendar uma leitura complementar de dois livros que foram muito importantes no processo de concepção deste livro, que você tem agora nas mãos. Tratam-se de O Herói de Mil Faces, de Joseph Campbell e A Jornada do Escritor, de Christopher Vogler. Ambos te acrescentarão conhecimentos ímpares e ajudarão as suas ideias a fluírem com muito mais naturalidade.

    E para que você se familiarize com as ideias apresentadas nestes livros, principalmente em A Jornada do Escritor, darei alguns exemplos baseados nas ideias de Vogler e na sua famosa adaptação da Jornada do Herói.

    Os Três Atos da História

    De forma geral, assim como na vida real, as histórias se dividem em Três Atos. Começo, Meio e Fim. É importantíssimo que você defina estes três pontos em suas histórias, mesmo que não as apresente nessa ordem. Muitos livros e filmes se iniciam com o Terceiro Ato, mostrando a conclusão parcial da história, para depois voltar ao início e explicar que atitudes dos personagens levaram a história a terminar daquela maneira.

    Tenha em mente que, se quiser produzir uma história assim, talvez seja melhor escreve-la inteira, de forma linear e na linha cronológica real. Quando estiver tudo pronto e não houverem mais pontas soltas, organize tudo da forma que mais lhe agradar. Mas lembre-se sempre: A história também precisa fazer sentido para o leitor, não apenas para você.

    Segundo Vogler, alguns itens chave compõem os Três Atos de uma história. Ainda que você decida não utilizar todos estes elementos, um bom estudo de suas peculiaridades pode ajuda-lo sempre que estiver com dúvidas.

    Primeiro Ato
    Mundo Comum
    Chamado à Aventura
    Recusa do Chamado
    Encontro com o mentor
    Travessia do primeiro limiar

    Segundo Ato
    Testes, aliados e inimigos
    Aproximação da Caverna Oculta
    Provação
    Recompensa

    Terceiro Ato
    Caminho de volta
    Ressurreição
    Retorno com o Elixir

    Vamos analisar mais a fundo cada um dos passos da Jornada do Herói. Vale lembrar que o herói aqui citado é o protagonista da história, e que ele não precisa ser necessariamente um herói. Utilizarei essa palavra unicamente para facilitar o entendimento com relação ao método. E para facilitar ainda mais esse entendimento, ilustrarei os tópicos com exemplos do livro O Hobbit.

    1. Mundo Comum
    A maioria das histórias transporta o herói para longe de seu mundo. Isso cria boas tramas e adiciona mais profundidade as cenas, pois existe no personagem a vontade genuína de proteger o seu lar e, acima de tudo, voltar para ele. Mas, para mostrar o herói fora desse mundo que ele tanto ama (pode ser seu planeta, seu país, sua cidade, sua casa e até mesmo sua mente), primeiro você precisa mostrá-lo nesse mundo. Com isso, você cria um contraste nítido entre os dois mundos, fazendo com que o leitor sinta vontade de ajudar o herói a voltar para aquele mundo comum.
    Ex.: Primeiro vemos Bilbo Bolseiro no condado, feliz por fumar seu cachimbo em sua agradável toca, naquele Mundo Comum onde nada de assustador acontecia.

    2. Chamado à Aventura
    Surge o problema. Se vendo de frente com esse Chamado à Aventura, o herói já não pode mais permanecer no conforto de seu Mundo Comum. O Chamado à Aventura estabelece o objetivo da história, e deixa claro qual é o objetivo do herói.
    Ex.: Bilbo recebe a visita do mago Gandalf, que o convida para uma aventura com mais 13 anões.

    3. Recusa do Chamado
    Em praticamente todas as histórias, o herói recusa o chamado. Ele hesita, tocado por vários motivos. Baixa autoestima, medo do desconhecido ou simplesmente vontade de continuar onde está, desfrutando da vida que sempre levou. Ele se vê diante do maior dos medos — o terror do desconhecido. É necessário que surja alguma outra motivação para que ele vença esse medo e decida seguir em frente.
    Ex.: Bilbo não quer abandonar o condado e suas coisas simples. Ele não se considera um aventureiro e acha que aventuras não são coisas normais de hobbits.

    4. Encontro com o Mentor
    Nessa hora surge o mentor. Este personagem, que pode até já ter aparecido antes, é responsável por convencer o personagem a seguir em frente. Pode ser um professor que motiva o aluno a superá-lo, um parente que sempre serviu de inspiração ou literalmente um mentor, que treinou o herói ao longo de toda a vida. O mentor seguirá rumo ao desconhecido com o herói, porém, só poderá ir até um certo ponto. A partir daí, o herói deve ir sozinho, pois aquele é o seu destino.
    Ex.: Bilbo se vê triste por não partir e, motivado por Gandalf, decide seguir os anões.

    5. Travessia do Primeiro Limiar
    O herói se compromete com sua aventura e entra completamente no novo mundo. Dispõe-se a enfrentar as consequências de lidar com o problema ou o desafio apresentado pelo Chamado à Aventura. Este é o momento em que a história decola e a aventura realmente se inicia. O balão sobe, o navio faz-se ao mar, o romance começa, o avião levanta vôo, a espaçonave é lançada, o trem parte.
    Ex.: Bilbo assina o contrato, sobe no pônei e segue em frente, sem olhar para trás.

    6. Testes, Aliados e Inimigos
    Após ultrapassar o Primeiro Limiar, o herói se vê num mundo estranho e desconhecido. É natural que encontre muitos desafios e testes nesse mundo. E ele também irá conhecer seus aliados e seus inimigos e, com isso, aprenderá as regras e nuances do seu novo mundo. Muitas histórias usam esse momento para apresentar ao herói o seu par romântico que, talvez, só será finalmente conquistado no último ato.
    Ex.: Bilbo conhece mais a fundo cada um dos anões e passa a entender melhor cada um deles. Ele aprende mais sobre o dragão Smaug e sobre a Montanha Solitária. Nesse meio tempo, eles enfrentam trolls, lobos, orcs e aranhas.

    7. Aproximação da Caverna Oculta
    Finalmente, o herói chega à fronteira de um lugar perigoso, às vezes subterrâneo e profundo, onde está escondido o objeto de sua busca. Este local pode ser, literalmente, uma caverna, mas também pode ser a sede da bolsa de valores, uma escola comandada por um diretor tirano, uma academia de caratê e uma infinidade de outros lugares. Quando o herói entra nesse lugar temível, atravessa o segundo grande limiar. Muitas vezes, os heróis permanecem por algum tempo diante do portão para se preparar, planejar e enganar os guardas do vilão.
    Ex.: Bilbo e os anões chegam na Montanha Solitária e encontram a passagem escondida.

    8. A Provação
    O herói enfrenta o vilão, num confronto direto com seus maiores medos. Ele enfrenta a possibilidade da morte e é levado ao extremo numa batalha contra uma força hostil. Esse é um dos momentos mais importantes e é onde o leitor irá dispensar uma maior atenção. Sempre deve existir a tensão sobre o herói. Será que ele sobrevive ou morre? Todo clima construído ao longo do livro será concluído nesse momento. Também pode haver o chamado Plot Twist, que é quando a história desencadeia um novo ato totalmente inesperado, como por exemplo, o vilão ser o pai do herói ou não ser mal de verdade. Isso pode gerar uma volta para a entrada da Caverna Oculta. Acontece muito em séries de livros.
    Ex.: Bilbo enfrenta Smaug, que vai para a cidade. Na cidade ele é morto, não por Bilbo, mas por Bard, um antigo herói.

    9. Recompensa (Apanhando a Espada)
    Após sobreviver à morte, tanto o herói quanto o leitor têm motivos para celebrar. Nesse momento, o herói pode se apossar do tesouro então guardado pelo vilão. Pode ser uma arma mágica ou um elixir que irá curar suas feridas. Também pode ser visto como o conhecimento e a experiência que conduzem a uma compreensão maior e a uma reconciliação com as forças hostis. E pode ser simplesmente a aceitação do seu par romântico. O primeiro beijo do casal pode surgir nesse momento.
    Ex.: O dragão está morto, e Bilbo tem direito a parte do seu ouro. Ao mesmo tempo, ele aprendeu muito nessa viagem e agora sabe que é um aventureiro de verdade.

    10. Caminho de Volta
    Com seu tesouro em mãos, finalmente o herói pode voltar para casa. Muitas vezes, ele se recusa a partir, acreditando que encontrou um novo lar. Mas, ainda que realmente vá ficar no seu novo mundo, ele volta para casa para finalizar suas pendências. Muitas histórias usam esta parte da trama para finalizar violões coadjuvantes em grandes cenas de perseguição. Essa fase marca a decisão de voltar ao Mundo Comum. O herói compreende que, em algum momento, vai ter que deixar para trás o novo mundo, e que ainda há perigos, tentações e testes à sua frente.
    Ex.: Surge Bard requisitando o ouro do dragão. Logo após ele, surgem muitos orcs e elfos e uma guerra se inicia. Novamente, Bilbo se vê diante da Caverna Oculta.

    11. Ressurreição
    O herói, que esteve no reino dos mortos, deve renascer depois de uma última Provação de morte e Ressurreição, antes de voltar ao Mundo Comum. O mal faz um último esforço desesperado, antes de ser finalmente derrotado. O herói se transforma, graças a esses momentos de morte-e-renascimento, e assim pode voltar à vida comum como um novo ser, com um novo entendimento.
    Ex.: Após a longa guerra, em que homens, anões e elfos se unem contra os orcs, Bilbo se vê diante de Thorin, que está prestes a morrer. O dois finalmente se entendem e Bilbo renasce, como um novo homem. Um aventureiro.

    12. Retorno com o Elixir
    O herói retorna ao Mundo Comum e, consigo, traz uma grande recompensa. Pode ser um tesouro ou, simplesmente, um ensinamento que, algum dia, poderá ser útil à sua comunidade. Também pode ser o amor, a liberdade, a sabedoria, ou o conhecimento de que o Mundo Especial existe, mas que se pode sobreviver a ele. Outras vezes, o Elixir é apenas uma volta para casa, com uma boa história para contar. E, a não ser que conquiste alguma coisa na provação que enfrenta na Caverna Oculta, o herói está fadado a repetir a aventura. Muitas comédias usam esse final, quando um personagem se recusa a aprender sua lição e embarca na mesma bobagem que o meteu em trapalhadas antes.
    Ex.: Bilbo retorna ao Condado com alguns baús de ouro, uma boa história e muita vontade de reencontrar Gandalf e seus amigos anões. Ele quer mais aventuras.


    Lembre-se que estes itens têm como único objetivo fornecer uma fonte de estudos e consulta, não devendo ser seguidos à risca sempre. Cabe ao autor decidir se eles poderão acrescentar algo na história ou se devem ser descartados. E, assim como Vogler alterou a fórmula original de Campbell para escrever seu livro, agora cabe a você alterá-la para criar suas histórias.

    Como ser um escritor organizado?

    Há um tempo atrás, postei um texto sobre organização pessoal que fez muito sucesso. Afinal, este é um dos maiores problemas para o escritor iniciante, que ainda não conseguiu desenvolver um cronograma de trabalho. Por isso, decidi postar mais algumas dicas sobre como ser uma pessoa mais organizada.

    Por mais que você não note, existe uma série de coisas em nossas mesas, escritórios e até em nossas casas que, na verdade, só estão ali para juntar poeira e ocupar espaço. Se você realmente quer ser uma pessoa mais organizada, precisa encontrar essas inutilidades e desfazer-se delas. Na próxima faxina que realizar, lembre-se de procurar por:

    • Canetas que não funcionam;
    • Roupas e sapatos que não servem mais;
    • Jornais, revistas e informativos antigos;
    • Agendas antigas;
    • Contas que já foram pagas há muitos anos;
    • Embalagens que não são mais utilizadas;
    • Alimentos e remédios vencidos.

    Mas, antes de jogar tudo isso na lata de lixo, considere a possibilidade de doar algumas coisas, principalmente os sapatos e as roupas. Os museus da cidade também podem se interessar por revistas e jornais antigos. Lembre-se que existem formas corretas de descartar remédios e alguns tipos de embalagens. Pesquise sobre estas formas de descarte antes de poluir o meio ambiente e, se a sua cidade possuir, entregue os itens para as empresas de Coleta Seletiva, para que eles sejam reciclados ou reaproveitados.

    É importante saber que o seu mundo virtual também precisa de uma boa organização de vez em quando. Seu desktop é daqueles que tem milhões de ícones? Pois então saiba que muitos arquivos na área de trabalho podem deixar o computador consideravelmente mais pesado. E o que isso significa? Queda de produtividade.

    E seu celular? Tem dezenas de aplicativos que você não se lembra de ter baixado e nem sabe para que eles servem? Isso é muito comum e, geralmente, nem nos damos conta. Portanto, considere eliminar os seguintes arquivos:

    • Músicas que foram baixadas e pouco executadas;
    • Aplicativos nunca usados e que consomem memória;
    • Números desconhecidos da sua agenda eletrônica;
    • Contatos nunca utilizados dos e-mails e redes sociais;
    • Programas e arquivos do computador que não são utilizados há muito tempo.

    ORGANIZANDO SEU CONTEÚDO

    Existem alguns passos a seguir, se você não quiser se perder em meio a pilhas e mais pilhas de anotações.

    1. Se, assim como eu, você gosta de escrever a mão antes de passar para o computador, lembre-se de etiquetar todos os seus cadernos. Antes de finalizar um livro, você provavelmente preencherá quatro ou cinco deles, então, é bom que você consiga encontrá-los com certa facilidade. A maioria deles já vem com espaços na capa para a etiquetação. Preencha-as com cuidado para não se confundir. Também sugiro que use cores diferentes para rascunhos e cadernos de arquivos passados a limpo. Isso facilita o armazenamento e a busca posterior pelo material.

    2. Escolha um lugar da sua casa para ser seu escritório. Não se preocupe com detalhes maiores, pois este lugar só precisa de três coisas básicas: mesa, cadeira e silêncio. Escreva todos os dias, sempre neste mesmo lugar. Tente evitar ao máximo as interrupções.

    3. Use marca páginas personalizados e com cores diversas para organizar matérias de pesquisa que não são da sua autoria, como outros livros, dicionários, enciclopédias, atlas e guias. Você pode encontrar marca páginas em qualquer papelaria, mas, se preferir, pode confeccioná-los em casa, de forma rápida e simples.

    4. Para referências em arquivos de áudio e vídeo, anote em sua brochura o minuto exato onde a referência é citada e, se possível, anote também a frase completa. Se o arquivo for digital, como um .mp3, anote até mesmo a localização do mesmo no HD do computador para evitar possíveis perdas.


    Quer saber mais sobre este tema? Compre o livro Escrevendo sem Enrolação, da editora Maori Books. Lá você encontra uma série de dicas que vão desde o processo de escrita até a publicação, seja tradicional ou independente. E não deixe de comentar no post. Sua opinião é muito importante para continuarmos o bom trabalho.

    Escritor vs Autor

    O post de hoje é curto, mas, ainda assim é muito importante.

    Acredite você ou não, muitas pessoas escrevem livros. Tornar-se escritor(a) é o sonho de muita gente. E, consequentemente, muita gente gosta de anunciar aos quatro ventos que é escritor(a), seja nos perfis das redes sociais ou em conversas pessoais.

    Mas, sendo sincero, a verdade é que nem todos que escrevem são escritores. Algumas pessoas até preferem criar a distinção entre autor e escritor, para dar uma ideia mais clara. Vou seguir este raciocino hoje. Por exemplo:

    O Escritor é simplesmente a pessoa que escreve. Ele não precisa, necessariamente, criar alguma coisa. Ele simplesmente escreve. Pode fazer isso tanto por profissão quanto por gosto pessoal. Ele pode, inclusive, acreditar que cria alguma coisa, mas quando o faz, o máximo que consegue é uma cópia descarada.

    O Autor, por outro lado, é a pessoa que cria. Ele pensa muito antes de escrever qualquer coisa. Planeja, sonha, experimenta, inventa e reinventa. Muitas vezes, ele nunca escreve nada. Apena fala para um gravador e outra pessoa escreve. A sua missão é criar problemas e solucioná-los da forma mais incrível possível em suas histórias.

    Com esse texto quero tentar clarear a sua mente. Espero que fique muito claro que “escrever” não se resume a escrever… Tá, ficou meio confuso. Eu preciso ser repetitivo para que fique claro.

    Sua missão como escritor/autor é criar! É surpreender. Você não precisa escrever uma única palavra sequer e ainda assim ser um grande escritor. Desde que sua cabeça seja uma fonte inesgotável de ideias. E você vai precisar de muita força de vontade para não desistir dos seus projetos quando descobrir que escrever é muito mais complexo do que parece.

    Finalizo com uma frase do grande escritor José Jorge Letria:

    Se quiserem ser escritores, escolham esse caminho sem hesitação, mas sempre com a convicção de que é preciso trabalhar muito para se merecer esse título.


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    Frases que mudarão sua vida | Flávio Augusto

    Tempo é a vida passando que não volta mais. Perder tempo é perder vida. Deixar de avançar por causa de medo, desconfiança, covardia, complexos, acomodação é desperdiçar tempo e desperdiçar vida.

    A série “Frases que mudarão sua vida” foi criada com o intuito de inspirar o novo autor a continuar escrevendo. Semanalmente, postarei frases de grandes nomes da literatura com mensagens para quem deseja se aventurar no mundo da escrita.

    A frase de hoje é do empreendedor Flávio Augusto. Aos 23 anos de idade, ele fundou a escola de inglês WiseUp. Ao longo de 18 anos, a empresa expandiu e tornou-se uma holding avaliada em mais de R$ 1 bilhão, valor este pago pelo Grupo Abril Educação em fevereiro de 2013, quando a adquiriu.

    flavio_augusto

    É vergonhoso autopublicar seus livros?

    Existe um monstro escondido na ideia da autopublicação. Alguns autores encaram essa forma de trabalho como algo menor, até vergonhoso e o pensamento, infelizmente, as vezes é repassado para o leitor. Soa mais ou menos assim: “Esse cara teve que pagar para ter o livro publicado. Ele deve ser muito ruim e, só tentou essa alternativa porque nenhuma editora aceitou os originais dele”.

    Em muitos casos, isso pode ser verdade. Mas não é regra. Inclusive, alguns autores de sucesso têm buscado a autopublicação por livre e espontânea vontade, visando uma forma mais clara e menos burocrática de lançar suas obras ao mundo.

    Não é vergonha nenhuma pagar para ter seu livro impresso. Você só não deve fazer loucuras. Assim como existem ótimos profissionais e empresas, existem pessoas inescrupulosas, cuja única intenção é lucrar em cima do sonho do autor iniciante. Então, quando for pesquisar sobre estes serviços, preste muita atenção. Na dúvida, use os sites gratuitos. Em qualidade gráfica, inclusive, nem mesmo os pagos serão melhores. Cito como exemplo o site PerSe que, dentre outros serviços, oferece até mesmo acabamentos com papeis diferenciados, coisa antes vista apenas no exterior.

    Outro site de autopublicações com ótimos serviços é o americano CreateSpace, pertencente a Amazon. Talvez, de todos os sites semelhantes, ele seja o melhor, sendo que possui muito mais opções, tanto de tipos de papeis quanto de formatos e tamanhos para os livros impressos. O único empecilho para os autores brasileiros é o fato de não haver uma sede da empresa aqui. Isso dificulta o contato e praticamente impossibilita a contratação dos serviços pagos do site, como correção ortográfica.

    Mas, ainda assim, o CreateSpace conta com as melhores opções e, acredite se quiser, os melhores preços. Na maioria das vezes, fica mais barato confeccionar seu livro através dele e importá-lo do que produzi-lo em alguns dos sites brasileiros. Eu realmente gostaria muito de saber o que causa essa diferença tão gritante de preços.

    O fato principal é que a autopublicação traz muitas vantagens, ao mesmo tempo em que traz muitos problemas que o autor pode não estar preparado para solucionar. Se você não for capaz de desenvolver uma boa capa e um bom trabalho de edição e diagramação, faça um esforço e contrate alguém para isso.

    Tenha em mente que até as pessoas mais leigas no assunto são capazes de reconhecer pela capa de um livro (e, na internet, as capas são as maiores responsáveis pelas suas vendas) o trabalho de um profissional e o de um amador. Elas dificilmente optarão pelo amador, ainda mais considerando que os livros impressos pelos serviços de autopublicação são, geralmente, bem mais caros que os livros produzidos por grandes editoras, que ganham descontos nas altas tiragens.

    Cuide muito bem da sua obra.


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