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    Confira seis dicas para escrever um primeiro capítulo que desperte a atenção de leitores e editoras

    Não importa a idade nem a experiência. Quando o assunto é a escrita de um romance, o primeiro e o último capítulo sempre são os maiores temores do escritor. Criar situações que façam com que o leitor queira continuar acompanhando seus personagens é uma tarefa árdua, que consome muito tempo e exige uma habilidade quase sobre humana.

    E, acredite você ou não, a maioria dos autores fracassa miseravelmente nesta tarefa, fazendo com que seus livres se transformem em peças decorativas em estantes e acumuladores de megabytes em kindles.

    O perfeccionismo é um dos grandes males, mas a falta de situações interessantes para o leitor sempre ocupa a primeira posição na lista de motivos para se abandonar um livro. Mas não tenha dúvida quanto a isso: o seu primeiro capítulo PRECISA ser FODA! Ele não pode ser apenas bom. Ele tem que explodir cabeças.

    E isso não vale apenas para manter os leitores atentos, mas também para despertar o interesse de agentes literários e de editores. Isso porque, na maior parte das vezes, estes profissionais sequer passam da primeira página de uma obra, uma vez que recebem milhares de livros todos os meses.

    Se as primeiras páginas do seu romance não atraírem o editor, se não capturarem a sua atenção instantaneamente e o fizer querer ler mais… Ele vai abandonar se manuscrito e passar para o próximo. Simples assim.

    Então, de forma clara, se quer que o seu livro seja aceito por um agente e por um editor, o seu primeiro capítulo PRECISA ser bom. Muito bom.

    Mas existe alguma forma de melhorar o primeiro capítulo? Deixa-lo mais atraente para os leitores e editores? É claro que existe! E, neste artigo, eu não vou te mostrar uma, mas seis seis coisas que você pode fazer para impactar a sua audiência logo no começo da história. Confira:

    01 – O personagem precisa se movimentar

    Um recurso barato utilizado por muitos autores para deixar a cena mais interessante é começar direto da ação, no meio da história, para depois voltar ao início e explicar o que estava acontecendo. Durante muito tempo, esse artifício funcionou bem.

    Mas, ultimamente, devido a frequência na utilização e a inabilidade dos autores de justificarem o motivo da inversão da narrativa, esse modelo já tem dado nos nervos. Em boa parte porque começar do meio deixa o leitor confuso e totalmente desorientado, sem entender o que está acontecendo. Quem são aquelas pessoas? Onde elas estão. Por que estão fazendo isso.

    Ao mesmo tempo, quando seu livro começa com uma longa descrição, torna-se entediante e desinteressante. Diálogos também não são uma boa escolha, porque ninguém saberá ao certo quem está falando.

    Tente começar com o personagem fazendo alguma coisa. Algo como “João se jogou atrás do carro ao mesmo tempo em que apertava o gatilho”. É uma frase boba e clichê, mas ajuda a ilustrar o que estou dizendo. Começar o texto com uma ação é uma boa forma de prender o leitor.

    Depois disso, você pode criar um ou dois parágrafos de contexto, mas sem abusar da descrições. Só então pule para os tiros e as explosões.

    02 – Apresente o seu protagonista

    É difícil de acreditar, mas esse é um erro que MUITOS autores cometem. Não colocam seu protagonista no primeiro capítulo, decidindo mostrar o vilão ou uma outra situação qualquer. Mas os leitores querem saber sobre QUEM é aquela história. Quem é o herói.

    Se possível, você deve apresentar o seu protagonista na primeira frase do seu livro. E se você usar a dica anterior, terá a oportunidade de usar a ação que ele estiver desempenhando para dar uma boa dica para o leitor sobre como é a personalidade do herói.

    Mas não basta simplesmente conhecer o protagonista. Para que o leitor decida acompanhar a sua história até o final, você precisa tornar o seu personagem único e apaixonante, para que que ele queira acompanhá-lo de perto nas próximas horas ou dias, até o fim da história.

    Obviamente, isso não quer dizer que o seu herói precisa ser perfeito e incrivelmente bom. Mas ele precisa despertar o interesse e fazer com que o leitor simpatize com ele.

    Há várias maneiras de fazer o leitor simpatizar com seus personagens. CLIQUE AQUI e confira algumas dicas fantásticas.

    03 – Coloque as coisas em jogo

    O seu leitor não pode ter dúvidas sobre o que está em jogo. Sobre o fato de que o seu protagonista pode perder absolutamente tudo o que ele tem, até mesmo a vida. Quando você faz isso logo no começo, chama a atenção do leitor para o fato de que as coisas estão sérias. Ele vai querer saber como elas terminam.

    04 – Defina o ponto de vista

    Poucos autores pensam nisso quando começam uma história. Qual é o ponto de vista que você vai mostrar? Está contando sob as perspectiva de quem? O narrador é um deus onisciente ou um espectador? É o próprio herói? É o vilão? É alguém neutro?

    Há muitas opções, mas, tão importante quanto escolher o ponto de vista ideal é mante-lo inalterado até o fim da história. Grandes autores como George R.R. Martin conseguem mudar seus pontos de vista a medida em que escrevem, mas essa é uma tarefa árdua, que exige experiencia.

    Então, se ainda não se sentir pronto para inovar, mantenha a mesma perspectiva até o final da história.

    05 – Defina o gênero da obra

    Por mais que a sua história se encaixe em vários gêneros, é importante para o leitor saber o que ele está prestes a ler. Ninguém quer passar horas lendo um livro de terror para descobrir, depois de 200 páginas, que, na verdade, é um romance água com açúcar.

    Algumas pessoas só leem livros de um certo gênero e você não deve tentar engana-las, porque irá fracassar miseravelmente. Misture gêneros e invente coisas novas, mas mantenha uma base para usar de referência.

    06 – Escala de valor

    Outro conceito que vale a pena considerar na hora de escolher o seu gênero é a Escala de valor. São elementos que você utiliza para dar sugestões para o seu leitor sobre o que é a história.

    Segundo a maioria dos teóricos, há seis escalas de valor para uma história, e cada uma delas se refere a um tipo de narrativa. Ainda assim, você pode misturar-las e criar suas próprias combinações.

    • Vida vs. Morte: Ação, Aventura
    • Vida vs. Destino Pior que Morte: Suspense, Terror, Mistério
    • Amor vs. Ódio: História de Amor, Romance
    • Realização x Fracasso: Superação, Esportes
    • Maturidade vs. Ingenuidade: Amadurecimento, Crescimento
    • Bem vs. Mal: Tentação, Moralidade

    Quando for escrever o primeiro capítulo, apresente elementos que mostrem a situação atual do personagem ou do mundo, para que o contraste seja claro ao final da trama.

    Por exemplo: em um romance, mostrar o personagem completamente desiludido ou indiferente ao amor, tornará o momento de paixão ainda mais marcante.

    BÔNUS: 0s 6 elementos do storytelling

    Há seis elementos que podem ajudar a sua história a se destacar das demais. Tudo depende da forma como você as utiliza, é claro. São eles:

    1. Exposição: mostre o herói e o mundo;
    2. Incidente Incitante: algo tira o herói da zona de conforto;
    3. Ação crescente – complicações progressivas: o que já era ruim fica pior;
    4. Dilema: o herói precisa tomar grandes decisões morais;
    5. Clímax: o herói enfrenta o vilão em uma luta de vida ou morte;
    6. Desfecho: o herói conquista ou perde o que desejava.

    Quem já conhece a Jornada do Herói, estará familiarizado com a ideia dos elementos do storytelling. Embora devam ser usados ao longo de toda a história, você pode criar um microcosmos dentro do primeiro capítulo, fazendo o herói passar por todos os estágios apenas para se ver diante de um problema ainda maior.

    Quando as coisas parecem ter se resolvido, um problema muito maior surge e, agora, os riscos são terrivelmente maiores.

    Conclusão

    Como eu já disse antes, o perfeccionismo pode destruir uma boa história. É claro que você deve buscar escrever mais e melhor a cada dia que passa, mas isso não deve limitar o seu trabalho. Principalmente quando ainda estiver escrevendo o primeiro rascunho. Deixe a sua mente aberta.

    Não espere que o seu primeiro texto será digno de vencer o Prêmio Nobel de Literatura. Ele não será. Provavelmente, o seu centésimo texto ainda não será. Mas isso não quer dizer que você deve parar de escrever.

    Faça o seu trabalho com garra e dedicação.

    Leia este artigo quantas vezes for preciso. Imprima, se achar melhor. O importante é nunca parar de escrever. Só a prática pode nos aproximar da perfeição e você deve praticar todos os dias, sem excessões. Os seus leitores sempre saberão a diferença entre um texto lapidado e um rascunho inacabado.

    Nos vemos na próxima! Boa escrita. 😀

    Como criar protagonistas reais: confira 7 maneiras de deixar o seus personagens mais simpáticos

    Criar um bom personagem é uma das tarefas mais difíceis quando falamos de escrita de romances ou contos. E isso não vale apenas para autores novatos, mas também para aqueles que já estão nesta luta há muitos anos. Isso porque personagens ruins podem estragar até mesmo a melhor das histórias.

    É por isso que não basta simplesmente escrever um protagonista interessante. Para que o leitor decida acompanhar a sua história até o final, você precisa tornar o seu personagem único e apaixonante, para que que ele queira acompanhá-lo de perto até o fim da história.

    Obviamente, isso não quer dizer que o seu herói precisa ser perfeito e incrivelmente bom. Mas ele precisa despertar o interesse e fazer com que o leitor simpatize com ele. E é claro que há várias maneiras de fazer o leitor simpatizar com seus personagens.

    Abaixo, você vai encontrar sete característica especiais que, quando usadas de forma habilidosa, podem deixar seus personagens irresistíveis.

    O Proativo — Mostre para o leitor como o seu personagem é ativo e vibrante. Deixe todos saberem como ele toma decisões diante de situações difíceis e o que é capaz de realizar para conseguir o que deseja.

    O Injustiçado — Os leitores sempre se identificam com personagens que sofrem injustiças. Isso porque todos já foram injustiçados em algum momento da vida e ver isso nos personagens desperta empatia.

    O Competente — Mostre para o leitor como o seu personagem é capaz de resolver uma situação que nenhuma outra pessoa no mundo seria capaz. Não deixe espaço para que o leitor pense que qualquer outra pessoa também teria resolvido aquela situação. O herói precisa ser único.

    O Amigável — Faça o leitor saber que o seu personagem tem amigos que já gostam dele como você quer que ele goste. A psicologia diz que o simples fato de já ter um amigo nos deixa mais interessante para outras pessoas. Assim como mulheres e homens comprometidos sempre são mais interessantes do que os solteiros.

    O Bondoso — Mostre o seu personagem “salvando um gato”, como nos clássicos do Super-Homem dos anos 50. É claro que não estou sendo literal, mas me refiro ao ato de fazer alguma coisa boa. Quando o personagem ajudar alguém que está passando por alguma necessidade, ele se estabelece como “o mocinho”, mesmo que tenham muitas outras qualidades negativas.

    O Incomum — O personagem precisa ser singular. Ter uma peculiaridade. Os leitores estão interessados em histórias sobre pessoas extraordinárias, com características que a tornem especial. Como o jovem bruxo Harry Potter, que tem uma cicatriz em forma de raio na testa e sobrevivem ao ataque do bruxo das trevas mais poderoso de todos os tempos.

    O Vulnerável — Todos nós temos vulnerabilidades que ajudam a moldar nossa personalidade. O mesmo deve acontecer com seu personagem. Mas uma forma interessante de fazer isso é transformar essa vulnerabilidade em um medo profundo e escondido. Você sabia que o Bruce Wayne, o Batman, tem um medo incontrolável de morcegos? Quando bem aproveitada, essa característica cria histórias fantásticas.

    ARMA DE CHEKHOV: aprenda a aplicar estes conceito para criar histórias irresistíveis

    Em um dos artigos recentes deste site, citei um trecho da Masterclass do Dan Brown (O Código Da Vinci), onde ele apresenta o conceito conhecido como Arma de Chekhov. Algumas pessoas me mandaram e-mails perguntando sobre essa ideia e foi por isso que decidi aprofundar um pouco mais as ideias sobre este tema.

    Quando usado de forma assertiva, este conceito consegue deixar a história surpreendente e, ao mesmo tempo, confortável par ao leitor. Ela fica verossímil, porque afasta a ideia de Deus Ex Machina, que é quando as coisas simplesmente se resolvem do nada.

    E, ainda que a técnica utilize a antecipação para funcionar perfeitamente, ela consegue deixar a trama mais verossímil.

    Quem é esse tal de Chekhov?

    Anton Pavlovich Chekhov foi um escritor russo, nascido em 1860 e morto em 1904, aos 44 anos. Ainda que tenha atuado como médico durante um longo tempo, seu reconhecimento veio quando passou a se dedicar a carreia de autor e dramaturgo.

    Seus trabalhos se concentravam menos no enredo e mais no estudo dos personagens. Justamente por isso, é considerado um dos maiores contistas da história. A maioria de suas obras abordava temas como depressão e tristeza profunda, o que fazia com que seus leitores entrassem de cabeça nas mentes dos personagens.

    Suas obras mais conhecidas são A Gaivota, Tio Vânia, As Três Irmãs e O Jardim das Cerejeiras, além de diversos contos, como A Dama do Cachorrinho.

    Entendendo o conceito

    Não é muito difícil entender ao que se refere o conceito da Arma de Chekhov. Podemos resumir dizendo: só coloque em sua história as coisas que realmente forem uteis para a trama.

    Ou: não encha linguiça.

    Nas palavras do Dan Brown:

    Se você pendurar uma espingarda na parede, no capítulo um, é melhor que alguém a use até o final do livro.

    Basicamente, o que o conceito diz é que: se algo foi apresentado na cena, ele deve ser importante para a mesma. Você não pode (ou não deve) colocar os seus personagens para conversar por horas sobre futebol se isso não tiver alguma relevância verdadeira para a trama.

    Com certeza, você já deve ter visto este conceito sendo aplicado na prática. Muitos filmes/livros mostram o personagem sendo confrontado por uma situação especifica logo no inicio da trama, que ele não consegue superar. Pode ser subir em uma árvore, saltar de uma cachoeira ou acertar o alvo com uma arma. Qualquer coisa.

    No fim da história, ele acaba sendo apresentado para a mesma situação e, a única forma de vencer o inimigo é superando aquela mesma situação do inicio.

    Em outros casos, o conceito vem em algo que, a primeira vista, parece ser irrelevante, mas se mostra muito importante depois. Nas primeiras cenas do filme ”De Volta para o Futuro”, vemos um personagem entregando um panfleto com informações sobre a Torre do Relógio danificada por um raio. No fim da história, essa informação se torna crucial para o protagonista.

    Por que eu devo usar?

    O primeiro motivo é óbvio: suas histórias ficarão mais interessantes e muito mais enxutas. As arestas serão cortadas e vai sobrar mais tempo para contar uma história realmente relevante, que cativa os leitores.

    O segundo motivo é menos óbvio, mas tão importante quanto. A Arma de Chekhov desperta uma curiosidade primordial nos seus leitores/espectadores, fazendo com que eles passem a agir como detetives, tentando prever como cada elemento apresentado vai ser usado mais tarde.

    Essas pistas que são entregue pelo autor estimulam o espectador a continuar acompanhando a história de forma intuitiva.

    Red Herring (arenque vermelho)

    Também temos um conceito conhecido como Red Herring (arenque vermelho, em tradução literal, mas pode esquecer isso!). Ele representa quase a mesma coisa que a Arma de Chekhov, só que ao contrário. Ou seja: você apresenta pistas e elementos que, na verdade, são falsos e servem para iludir o leitor.

    Histórias de romance policial, assassinato e mistério estão repletas deste elemento, porque eles servem para fazer o espectador desconfiar de todos.

    Numa trama onde o detetive tenta encontrar um serial killer, muitas vezes o autor coloca alguém na cena do crime, que se torna o principal suspeito. Tudo nos leva a acreditar que ele realmente cometeu o assassinato. Mas, se de fato for ele, acabamos ficando decepcionados, porque estava fácil demais.

    O fato é que queremos Red Herrings quando consumimos essas histórias. Não queremos coisas óbvias. Ao mesmo tempo, também não queremos ser surpreendidos por algo que simplesmente brota no momento final, como uma arma secreta ou um aliado super poderoso.

    Estes dois conceitos andam lado a lado e são quase inseparáveis. E quando você conseguir usá-los com habilidade, seus leitores/espectadores não conseguirão fazer outra coisa que não seja consumir suas histórias.

    Conclusão

    Embora seja conceitos realmente importantes e consolidados tanto no cinema quanto na literatura, preciso dizer o mesmo que digo todas as vezes que apresento esse tipo de dica: não há regras quando se conta uma história.

    Tanto a Arma de Chekhov quanto o Red Herring são elementos que podem ser utilizados para deixar sua história mais interessante, mas isso não quer dizer que elas não serão interessantes sem eles.

    A melhor forma de saber se estas ideias se aplicam para as suas histórias é utilizado a exaustão. Treine em contos e histórias menores e mostre para os seus amigos e leitores betas. Veja como eles reagem.

    E não fique apegado a regras o conceitos unicamente porque eu (ou qualquer outra pessoa) te disse que eles são interessantes. Use quando eles forem uteis para a história que você quer contar. Dentre outras coisas, isso certamente vai impedir que você se frustre.

    É isso. Nos vemos em breve! 😀

    Conheça o template mais simples que existe para uma história e tire todas as suas ideias do papel

    Gosto de dizer para as meus alunos que as histórias são cíclicas. Desde que começamos a usá-las como forma de ensinar, emocionar e divertir, elas seguem – basicamente – a mesma fórmula, baseada em uma estrutura que sobreviveu ao longo dos milênios.

    O mitologista Joseph Campbell foi o primeiro a notar esses padrões e seus estudos ficaram mundialmente famosos no livro “O Herói de Mil Faces”. Segundo Campbell, todas as histórias seguiam um mesmo template, que ele chamou de monomito.

    Pouco tempo depois, o roteirista de Hollywood Christopher Vogler preparou um memorando baseado nas ideias de Campbell, chamado de “The Writer’s Journey: Mythic Structure For Writers”. Durante um período, o memorando foi usado como um guia interno para os roteiristas dos estúdios Walt Disney, até ser finalmente lançado ao público com o título de “A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores”, tornando-se rapidamente um bestseller.

    Você certamente conhece alguma destas obras, já que eles influenciaram – e ainda influenciam – todos que desejam escrever de forma profissional. Isso porque apresentam ideias de estrutura que facilitam o trabalho, quando usadas corretamente.

    Neste artigo, vou te apresentar mais uma estrutura. A mais simples e, ao mesmo tempo, a mais importante que existe. Eu chamo de o template mais simples que existe para uma história.

    Embora diversas em forma a objetivo, as histórias seguem sempre uma estrutura básica. Essa estrutura básica pode ser invertida, mutilada, achatada, esticada, corrompida, mas… Ainda assim, NUNCA pode ser ignorada. Simplesmente porque é impossível.

    Conhecendo a estrutura básica

    Há muitas formas de tirar suas ideias do papel. Exercícios e leituras frequentes podem ajudar, mas, de forma objetiva, a melhor maneira de escrever é… escrever.

    Muitas pessoas ficam completamente paralisadas quando se veem diante de uma página em branco, porque acham que a primeira versão do texto já precisa ser bela e poética. Mas isso não é verdade.

    Como uma casa que começa a ser construída pelas bases e pelo alicerce, uma história, seja ela ficção ou não, deve ser planejada e rascunhada antes de ser finalizada. A melhor forma de fazer isso é regredindo para um formato simples e reconhecível.

    A estrutura mais básica de qualquer história segue a seguinte fórmula:

    • O herói quer/precisa de alguma coisa;
    • Um oponente tenta impedir que ele consiga;
    • O herói enfrenta seus maiores medos;
    • O herói consegue/fracassa em seu objetivo.

    Observe que o herói pode ser uma heroína, um cachorro, um carro, uma bola de basquete, ou qualquer outra coisa que você consiga imaginar. E também é preciso entender que ele pode ou não conseguir o que deseja no fim da história, mas deve buscar intensamente. A conquista fica a critério da sua imaginação.

    Como usar a estrutura

    A melhor forma de escrever sem a pressão de ter que soar perfeito logo de primeira é utilizar tópicos e blocos de texto. Neste aspecto, você não precisa produzir o texto final, mas uma ideia vaga de como ele ficará, para reescrever logo depois.

    Vamos pensar em um exemplo. Imagine um vampiro disposto a sugar o sangue de uma vítima em uma noite de lua cheia. Mas, por obra do destino, ele está com uma baita dor de dente. Ao mesmo tempo, está morrendo de fome.

    Adaptando essas ideias para a estrutura básica, temos:

    • Um vampiro precisa sugar sangue porque está com muita fome;
    • Uma terrível dor de dente o atinge, fazendo ter medo de agir;
    • Depois de uma exaustiva batalha interna, ele enfrenta seus medos;
    • O vampiro decide sair pela noite em busca de uma vítima.

    Tudo bem. Pode me dizer que este foi um exemplo cretino, mas o objetivo era só te mostrar a estrutura em uso. Claro que eu espero que você capriche um pouco mais quando for a sua vez de escrever.

    Mas, continuando a história, agora nós já temos uma base de como a história do vampiro vai se desenrolar. Porém, ainda precisamos decidir muita coisa. Por isso, vamos transformar cada um dos tópicos em um bloco de texto. Quanto mais informações, melhor.

     Um vampiro precisa sugar sangue porque está com muita fome 

    Vladilson era um jovem e corajoso vampiro. Havia acabado de acordar de um longo descanso de séculos e sentia-se renovado fisicamente. Ao mesmo tempo, estava tomado pela fome e sabia que precisava comer o quanto antes, uma vez que seu corpo clamava por sangue fresco.

     Uma terrível dor de dente o atinge, fazendo ter medo de agir 

    Justamente no momento em que se preparava para sair de seu caixão, Vladilson foi acometido por uma dor de dente terrível. Sentia suas presas latejando de dor. Naquele momento, ele teve certeza de que deveria ter escovados os dentes séculos atrás, antes de ter entrado em seu caixão para seu sono de descanso.

     Depois de uma exaustiva batalha interna, ele enfrenta seus medos 

    Vladilson passa longas horas considerando os prós e os contras de sair para uma caçada, mesmo com os dentes doendo. Por um lado, precisava comer. Por outro, a dor era tão intensa que ele sentia como se estivesse prestes a desmaiar. Pensou durante tanto tempo que o sol nasceu e se escondeu novamente. Quando a segunda noite caiu, ele já tinha uma ideia do que fazer.

     O vampiro decide sair pela noite em busca de uma vítima 

    O temível Vladilson decide sair de casa em busca de uma presa. Mas tem um alvo certo em mente: um dentista. Decide que a melhor maneira de sair para se alimentar e ainda se livrar da dor é procurar algum que possa ajudá-lo em suas duas missões.

    Sei que não vou ganhar um Oscar de melhor roteiro com a história do vampiro Vladilson. Mas tenho certeza de que você entendeu os conceitos. Bom os blocos de texto que desenvolvemos, vai ficar bem mais fácil criar novos personagens, novos conflitos e novos rumos para a trama.

    Conclusão

    Basicamente, o processo de estruturação de uma história começa como uma receita de bolo. Você segue um passo a passo, mas com um objetivo claro em mente: ser o mais criativo possível na segunda etapa.

    Quando for escrever, tenha em mente que o primeiro passo deve ser introduzir a maior parte dos elementos que você vai precisar da história. Tente se lembrar de todos e faça com que eles tenham alguma função. Se estiver usando algo apenas por estética, deixe de lado.

    Depois disso, introduza e desenvolva o conflito da história. Já estou quase careca de dizer que ler uma história sem conflito é tão prazeroso quanto sair para uma pescaria na Antártida usando apenas uma cueca box. Então, poupe seus leitores deste sofrimento e faça os seus personagens sofrerem.

    Alguém ou alguma coisa deve tentar impedir seu/sua protagonista de atingir os objetivos. Sempre.

    Por fim, resolva o conflito utilizando os mesmos elementos que você já introduziu no começo da história. Isso é muito importante. Nenhum item deve constar no texto se não tiver importância para a historia, você só estará acumulando gordura.

    É por isso que, no próximo artigo, vou falar sobre um princípio chamado “A Arma de Tchekhov”, que vai te ajudar demais neste aspecto. Aguarde e confira.

    DAN BROWN: os “3 C’s” da escrita de thrillers e como usá-los para escrever qualquer gênero literário

    No começo do ano, decidi realizar um investimento que já planejava há muito tempo: a masterclass do Dan Brown, autor de “Anjos e Demônios”, “O Código Da Vinci” e o recente “Origem”. Apesar de algumas ressalvas, considero Dan Brown um ótimo autor em vários quesitos, principalmente a capacidade de unir realidade e ficção de uma forma fascinante.

    O engraçado é que esta também é a minha principal ressalva contra ele, mas falamos sobre isso em outra hora…

    Dentre as muitas coisas interessantes que aprendi ao longo das aulas, uma das coisas que me marcou foram os 3 C’s da escrita de thrillers, como ele decidiu chamar. Estes elementos são: contrato, relógio e cadinho (Contract, Clock e Crucible).

    Você pode escrever um gênero diferente, como fantasia ou ficção científica, e achar que esse tipo de conteúdo não será útil para você, mas preciso dizer que qualquer história pode ficar mais interessante se carregar algum elemento dos thrillers.

    Isso porque eles tendem a ter um ritmo mais acelerado e uma grande dose de tensão… Mas todas as histórias precisam de tensão e um bom ritmo. Então, vamos mergulhar nos 3 C’s para que você possa entender o que estou querendo dizer.

    01 – Faça um contrato com o seu leitor

    Segundo Dan Brown, quando você escreve um romance, você realiza uma série de promessas para o leitor e, de forma alguma, pode quebrar essas promessas. Quando introduz personagens misteriosos, teorias da conspiração e enigmas impossíveis de serem quebrados, você faz com que os leitores queiram saber o que vai acontecer.

    E, em hipótese alguma, você deve finalizar a trama sem apresentar desenrolar destes fatos. Todas as perguntas devem ser respondidas. É claro que as respostas não precisam chegar todas de uma vez, mas, até o final do livro, você precisa explicar as coisas. Segundo Dan Brown:

    Se você pendurar uma espingarda na parede, no capítulo um, é melhor que alguém a use até o final do livro.

    Este conceito é bem fácil de entender, não concorda? Qualquer história que se preze deverá fazer promessas para manter o leitor interessado. E, obviamente, você precisa cumprir estas promessas em algum momento. Caso o contrário, a única coisa que conseguirá é uma legião de leitores descontentes.

    02 – O relógio não pode parar de correr

    Outra ação importante é delinear de forma claro os prazos para as coisas acontecerem. Ao mesmo tempo, você precisa manter os riscos altos para que a história avance de forma frenética.

    Segundo Dan Brown, Anjos e Demônios se passa em apenas 24 horas. Neste meio tempo, o professor Robert Langdon precisa encontrar uma bomba de antimatéria e salvar o mundo antes que ela exploda no coração do Vaticano. Há um grande marcador de tempo na bomba, que dá ritmo para a trama, uma vez que a pressão de ter que resolver as coisas naquele espaço de tempo intensifica a urgência da trama e mantém o ritmo.

    Como já disse, essa regra vale para qualquer tipo de história. Quer um exemplo: imagine um romance onde os amantes precisam encontrar um jeito de ficar juntos antes que um deles seja mandado para a guerra ou para um colégio interno.

    03 – o “cadinho” é essencial

    Embora não estejamos muito acostumados com o termo “cadinho” (ou crisol), ele desempenha um papel fundamental na metodologia de Dan Brown. Cadinho é um recipiente especial utilizado para experiências químicas para misturar ou fundir metais e outras substâncias.

    Segundo o autor, em sua metodologia, o conceito se refere a necessidade de colocar os personagens em uma provação extremamente difícil. Dessa forma, deve haver apenas UMA MANEIRA de chegar à resolução do livro. O personagem não pode descobrir um atalho para fugir das dificuldades.

    Ainda segundo Dan Brown:

    Essa idéia de restringir seus personagens é absolutamente crítica. E é uma daquelas coisas que não é necessariamente intuitiva.

    Em “O Senhor dos Anéis”, a única maneira de destruir o Um Anel é levá-lo até a Montanha da Perdição, no coração da terra de Mordor, e jogá-lo na lava. Não há opções. Não há atalhos.

    Vale a pena usar a técnica dos 3 C’s?

    Como eu já estou careca de dizer, não há regras quando o assunto é escrita criativa. Há caminhos que você pode seguir ou não, mas nada que te obrigue a tomar decisões. Os 3 C’s funcionam desta forma também.

    Você pode usá-los para deixar suas histórias mais interessantes, mas isso não quer dizer que elas não serão interessantes se você não usá-los. A melhor forma de fazer entender se você precisa ou não deste artifício é tentando aplicá-lo em sua história.

    Nos próximos dias, vou trazer mais algumas dicas incríveis que aprendi nas Masterclass do Dan Brown. Mas, caso queira beber direto na fonte, clique neste LINK e considere participar do curso. O conteúdo está totalmente em inglês e não é muito barato (considerando o valor atual do dólar), mas vale muito a pena.

    CRIATIVIDADE VS DISTRAÇÃO: cinco dicas matadoras que vão te deixar muito mais criativo

    No última artigo, nós conversamos sobre as dificuldades de se manter produtivo em uma era onde absolutamente tudo representa uma distração. Elenquei algumas formas de impedir que a distração e a procrastinação tomem conta da sua vida. Caso ainda não tenha lido, CLIQUE AQUI.

    Hoje, dando continuidade a esta série, vamos conversar sobre algumas das melhores formas de melhorar a sua criatividade em meio a este turbilhão de informações.

    Ao contrário o que muita gente pensa, a criatividade não é algo místico, que brota em algumas pessoas escolhidas pelos deuses, em momentos únicos de inspiração. A criatividade é, como qualquer outra habilidade humana, uma característica que pode ser apreendida e melhorada com o tempo.

    #01 – Tire um tempo só para você

    Por mais que você seja alguém que não gosta de introspecção e meditação, tirar um tempo só para ficar em silêncio, pensando ou parando de pensar, pode trazer muitos benefícios para sua vida. O seu cérebro trabalha ativamente durante todo o dia e ele também precisa de um descanso. Então, se as ideias simplesmente não estiverem fluindo, tire um tempo para o seu cérebro. Cuide bem da sua principal ferramenta de trabalho.As formas mais comuns de se fazer isso são meditar ou praticar ioga, mas você também pode passear em um parque ou tomar um banho bem relaxante.

    Isso não tem nada a ver com espiritualidade ou qualquer conceito semelhante. O importante é ter um tempo diário para que o seu cérebro possa relaxar e retornar ao seu potencial mais profundo.

    Caso não resolva e sua mente ainda permanecer muito agitada, recomendo que procure um psicólogo ou um analista… Pode ajudar a entender o que se passa na sua mente. Mas fuja dos coachs, porque isso é balela.

    #02 – Consuma conteúdos semelhantes

    Reserve um tempo diário para consumir conteúdos que possam te ajudar a produzir mais. Isso não significa apenas conteúdos educativos, como cursos livres ou graduações. Me refiro a filmes, séries, livros, músicas e o que mais você quiser. Se você for um artista plástico, tire um tempo no seu dia para apreciar obras de artes, visitar museus (mesmo que em tour virtual) ou qualquer outra atividade semelhante. Se você for um escritor (a), leia livros sobre os temas semelhantes ao que você escreve, assista filmes e ouça trilhas sonoras. Você não tem nem ideia de como isso pode ser proveitoso. Até mesmo para te ajudar a entender o que não fazer e o que já é um grande clichê dentro do gênero.

    A principal observação neste ponto é: cuidado com os plágios! Consumir conteúdo semelhante ao que você produz (ou quer produzir) deve ser uma forma de abrir sua mente para as possibilidades, não como uma forma de buscar ideias ou roubar ideias. São conceitos bem diferentes. Se estiver precisando ter boas ideias, leia ESTE ARTIGO.

    #03 – Tome cuidado para não sair dos trilhos

    Infelizmente, a sua mente não consegue ficar parada. Em um segundo, você está pensando em criar alguma coisa maravilhosa, mas no próximo, já está pensando no que vai comer no almoço. Um tempinho depois, sua mente já divagou e você está lembrando do meme de gatinho que assistiu no celular. Uma hora depois, você nota que já se passou uma hora e você ainda não fez nada.

    O cérebro é um trem em alta velocidade que insiste em andar fora dos trilhos. Precisamos manter a calma e a mente limpa para que isso não ocorra. Então, sempre que notar que seus pensamentos estão descarrilhando, pare, respire fundo e recomece. Novamente, a meditação ou a introspecção pode ajudar bastante. Mas você precisa estar alerta em todos os instantes. Mantenha seu cérebro animal sobre controle.

    #04 – Visualize as situação

    Esta fica está intimamente ligada a minha experiência pessoa, por isso, aceito caso me diga que ela não funcionou com você. Mas, não vai custar nada se você tentar, não é mesmo? Quando quero escrever, sempre tento visualizar as cenas em minha mente, não apenas pensar nas melhores palavras para usar. Não consigo simplesmente me sentar em frente ao computador e escrever, escrever, escrever. Ao contrário, tento viver as histórias que estou contando. Sentir o vento suave das montanhas no rosto, me esgueirar por entre as cavernas obscuras, mergulhar nos oceanos mais profundos ou flutuar por entre as nuvens densas.

    Talvez haja base científica para isso, porque já ouvi psicólogos dizendo que o nosso inconsciente não tem um linguagem e se comunica através de imagens. Não posso afirmar com exatidão, mas, ao menos comigo, funciona muito bem. Até mesmo quando as coisas dão errado na minha vida, tento ficar em silêncio e relembrar a situação, como quem assiste um filme triste. Tem dado muito certo. Faça o teste.

    #05 – Aprecie as coisas boas da vida

    Esta é uma dica clichê, mas que nunca perde o brilho. Muitas coisas simples são extremamente eficazes quando o assunto é nos deixar mais felizes e produtivos. Plantas no canto da sala, seu animal de estimação deitado ao seu lado, um mensageiro do vento preso no batente da porta da sala ou um quadro com um pintura que te faz pensar… Colocar a mesa de trabalho ao lado da janela para sentir a luz do sol no rosto.

    O pior de tudo é que nós temos plena consciência deste fato, mas, ainda assim, ignoramos sua capacidade. Quantas vezes você saiu no quintal ou na sacada apenas para sentir o sol e o vento no rosto? Quantas vezes se sentou num banco em um parque e observou o dia?

    Há muitas coisas boas que deixamos passar, simplesmente porque estamos ocupados demais para o olhar. E também não precisamos de religião ou pensamentos filosófico para apreciar estes pequenos momentos. Só precisamos olhar com um pouco mais de atenção para as coisas que estão ao nosso redor. Afina de contas, a vida é sua e você não deve perder nem um segundo dela!

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    Este foi o artigo de hoje. Espeque que o conteúdo tem sido útil e te ajudado de alguma forma. Eu produzo muitas outras coisas no meu canal do YouTube e na minha conta do Instagram também. Me siga por lá. Amanhã estamos de volta com mais um conteúdo de alto valor para você.

    CRIATIVIDADE VS DISTRAÇÃO: como um produtor de conteúdo pode sobreviver na era da Internet

    Ninguém tem a menor dúvida quanto os benefícios que os computadores e, em especial, a internet, trouxeram para as nossas vidas. Desde a capacidade de conversar instantaneamente como pessoas do outro lado do mundo até a facilidade em localizar qualquer tipo de conteúdo sobre qualquer assunto, é impossível imaginar humanos sobrevivendo sem as máquinas.

    Mas, além das teorias de conspiração e dos plots manjados das histórias de ficção científica sobre robôs assumindo o poder, nos vemos presos por outro tipo de problema envolvendo os computadores: eles nos deixaram ainda mais procrastinadores.

    A procrastinação está cravada no nosso código genético. Nosso ser adora realizar tarefas inúteis, que não gastem nossa energia, porque isso — deveria — nos manter vivos. Aquele passado nômade e absurdamente perigoso ficou para trás e, agora, nosso cérebro grita o tempo todo: relaxa, você faz isso amanhã ou você começa na segunda-feira.

    E se a coisa já estava ficando complicada com os computadores, a medida em que eles encolhem e se tornam mais poderosos e acessíveis, nossa preguiça só tende a piorar. Hoje, somos verdadeiros escravos dos smartphones e não conseguimos sequer nos locomover pela cidade sem a companhia deles.

    De qualquer forma, não vou tentar prever o futuro ou discorrer largamente sobre os impactos das tecnologias na humanidade.

    O objetivo deste texto será, unicamente, conversar sobre como esse acesso massivo à informação tem afetado — negativamente — nossa rotina como produtores de conteúdo, seja você escritor, ilustrador, músico, cineasta ou qualquer outra profissão em que a criatividade seja o principal ingrediente.

    Os desafios da era da Internet

    Embora a vontade de contar histórias estivesse presente na minha vida desde sempre, decidi que queria ser escritor aos 12 anos. Nessa época, passava horas e mais horas sentado na mesa da sala de estar escrevendo sem parar em pequenos cadernos que depois eram distribuídos para meus amigos.

    Naquela época, nada me distraía dos meus objetivos. Se eu queria assistir um programa na televisão, deixava as minhas ferramentas de trabalho de lado por alguns minutos, assistia e logo voltava ao trabalho duro. Escrever era minha missão.

    Conforme os anos passaram e outras obrigações surgiram, o hábito de escrever foi ficando cada vez mais abandonado. Em pouco tempo, eu já não escrevia uma única palavra durante dias. E, quanto mais velho eu ficava, mas o problema se agravava.

    Até que comprei meu primeiro computador.

    Aquela vontade incontrolável de escrever voltou com força total. Como ainda não tinha acesso a internet, passava os dias em frente ao Microsoft Word, escrevendo como se minha vida dependesse disso. E ela dependia. Foi um período muito produtivo, em que muitas coisas aconteceram.

    Mas, como tudo o que é bom dura pouco, logo fui apresentado ao sombrio mundo da internet via rádio. Aquela conexão extremamente lenta foi capaz de explodir a minha cabeça e me afundar em um mundo de… Nada. Absolutamente nada.

    Agora, todo tempo em que eu estava em frente ao computador era desperdiçado em sites como o Orkut. E eu mal sabia que este era apenas o início de um problema ainda maior: as redes sociais.

    Com o tempo, fui ficando cada vez mais soterrado no mar de informações que a internet nos proporciona. E, obviamente, menos produtivos.

    Claro que nem tudo estava perdido. Com o passar dos anos, finalmente notei o meu problema e desenvolvi algumas formas de reverter esse processo. No começo, foi muito difícil, mas… Todas as grandes decisões são difíceis.

    O primeiro passo para se tornar mais produtivo trabalhando com computadores é reduzir as distrações. Ao mesmo tempo, este é o maior desafio de todos, caso você não seja um monge tibetano super concentrado.

    Mas não se preocupe. Nos parágrafos abaixo, vou te dar algumas dicas que podem te ajudar a parar de perder tempo quando seu objetivo for produzir conteúdo. O objetivo principal é retomar o controle do seu próprio cérebro e despertar a criatividade.

    #01 – Faça uma coisa de cada vez

    Você pode achar que é capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Mas não é. Simples assim. O cérebro humano é muito avançado e, ao mesmo tempo, extremamente limitado. Ao contrário dos computadores, que realizam várias tarefas com velocidade e precisão, nosso cérebro não tem (ou não desbloqueou, vai saber) essa capacidade mística. Muitas vezes, podemos até pensar que estamos sendo produtivos e realizando muitas coisas, mas só estamos estendo o tempo que levaríamos para finalizar um trabalho.

    Então, sempre que notar que está tentando fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo, pare, respire e decida qual a prioridade daquele momento, em especial. Se concentre nesta tarefa e, quando finalizar, parta para a próxima.

    #02 – Use apenas uma tela de cada vez

    A possibilidade de trabalhar enquanto lê suas mensagens no WhatsApp, assiste ao noticiário na TV e ri com um stand up na Netflix fez com que acreditássemos – erroneamente – que somos capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Mas isso é mentira e só nos torna menos produtivos e mais dispersos, como eu disse na primeira dica.

    Dessa forma, a melhor coisa a se fazer é usar a regra de “uma tela por vez”. Se for assistir TV, apenas TV. Se for mandar mensagens pelo celular, apenas use o celular. Mas, se estiver produzindo em seu computador, apenas produza em seu computador.

    #03 – Desative todas as notificações

    Computadores e smartphones são as melhores ferramentas que existem para nos manter informados sobre o que esta acontecendo no mundo. Ao mesmo tempo, não podemos negar que a maioria esmagadora das notificações que recebemos ao longo do dia não passam de distrações. E, se você for incomodado por uma mensagem no WhatsApp enquanto produz, pode sucumbir ao desejo de olhar e mandar sua produtividade para o espaço.

    Por isso, desative todas as notificações dos seu computador/celular ou simplesmente saia dos sites e aplicativos que enviam esses avisos. Se você não puder vê-los ou ouvi-los, eles não poderão controlar você.

    #04 – Tente desativar todos os anúncios

    Existe uma questão ética sobre isso. Muitas pessoas afirmam que os anúncios são a principal fonte de renda de alguns produtores e sei que isso é verdade. Mas também sei que esta é a forma mais invasiva e menos eficaz de se ganhar algum dinheiro. Além do mais, os anúncios podem te distrair mortalmente quando estiver produzindo algum conteúdo.

    Por isso, use ferramentas como o AdBlocker ou AdGuard para se livrar dessas distrações. Se sua consciência pesar, considera utilizar aplicativos e serviços de assinatura que oferecem opções se conteúdo sem anúncios para usuários pagantes. E se nenhuma das opções for possível, tente não entrar na Internet, nem mesmo para uma pesquisa rápida, enquanto estiver produzindo.

    #05 – Não encha o seu navegador de abas

    Com o surgimento do Google Chrome, a maioria dos usuários da internet foi acometida por um mal terrível: as milhares de abas abertas. Esse é um mal do qual tento me livrar todos os dias, principalmente porque sei que a maioria das milhares de abas abertas nem são tão necessárias assim. E elas só me fazem perder tempo.

    Se sofrer deste mesmo mal, faça o possível para não abrir mais do que três ou quatro abas ao mesmo tempo. Uma única aba seria o ideal, mas… Sabemos que é quase impossível.

    #06 – Cancele todas as inscrições inúteis

    Uma boa higiene é importante em todos os locais. Até mesmo na sua caixa de emails ou na sua lista de canais no YouTube. Por isso, tente cancelar as inscrições inúteis ou suspeitas ao menos uma vez por mês. Pode ser um processo lento e trabalhoso, mas sempre vale a pena.

    Limpe sua caixa de entrada com frequência. Exclua o lixo eletrônico para não precisar mais olhar para ele e, se seu serviço de e-mails permitir (como no Gmail ou no Zoho) organize as mensagens em pastas, para que você possa encontrá-las sempre que quiser.

    #07 – Desligue a Internet

    Você pode me dizer: ”agora você pegou pesado, cara”. Eu aceito sua objeção… Mas essa é a maneira mais eficaz que existe de se ver livre das distrações. Se existe internet, existe a possibilidade de procrastinar. Grandes autores, como George R.R. Martin, escrevem em computadores sem acesso a internet ou qualquer tipo de distrações. Alguns mais saudosistas ainda usam máquinas de escrever. Outros (como eu) preferem escrever o primeiro rascunho com a velha caneta e papel. Não importa como você faz, o importante é fugir das doces e terríveis garras da internet.

    Se precisar consultar alguma informação importante, use alguns “X” no texto e não interrompa o flow, porque esse estado é difícil de alcançar. Tenha em mente o fato de que você sempre pode pesquisar depois. Pode parecer extremo se livrar da internet no momento de criar, mas, como máquinas malucas que somos, muitas vezes a força de vontade não é suficiente para nos ajudar e nós precisamos remover fisicamente a tentação da nossa vista.

    ***

    Espero que tenha gostado destes conteúdos. Amanhã, vou continuar neste assunto e te apresentar algumas técnicas incríveis para que você possa melhorar a sua criatividade no momento da produção do seu conteúdo. Nós vemos em breve! 🙂

    Afinal de contas, o que um escritor tem de especial?

    Desde que eu decidi seguir por esse caminho, sempre me perguntei: o que é ser um escritor? Como posso diferenciar um escritor de um escrivão de polícia, por exemplo? Ou de um jornalista? A primeira vista, a pergunta pode soar idiota, mas ela me corroía mesmo assim. E, depois que comecei a trabalhar com jornalismo, ela se tornou ainda mais intensa.

    O que é um escritor? O que o escritor tem de especial? Para muita gente, a resposta pode ser um categórico “nada”. Mas eu sei que há algo. As pessoas que foram tocadas pelas obras de Conan Doyle, JK Rownling, Tolkien, Dan Brown, George Martin, Asimov e Allan Poe, entre muitos outros, também sabem.

    E demorou muito tempo até que eu chegasse em uma resposta. É claro que você pode discordar, mas ela já aponta um caminho: escritores são adultos que não cresceram. Ou melhor: escritores são adultos que pensam como crianças.

    Você se lembra de quando era criança e achava que seu professor era um alienígena ou um monstro? Isso sempre acontecia comigo. Para um escritor, esse tipo de pensamento é combustível para novas história. Aquele cara estranho que você sempre encontra na fila do supermercado, que está sempre olhando para o relógio, pode ser um terrorista internacional. Aquele cara novo que começou a trabalhar na sua sala pode ser um espião do governo, contratado para observar os seus passos. 

    Escritores são como são porque conseguem ver coisas fantásticas onde ninguém mais vê. Ou melhor: como só as crianças veem. A maioria de nós perde esse dom de imaginar quando crescemos. Mas os escritores continuam imaginando. Continuam enxergando o fantástico onde a maioria das pessoas só vê o corriqueiro.

    Vemos garras de monstros onde os outros veem galhos de árvores. Vemos naves espaciais quando olhamos para o céu e guerreiros quando olhamos para bosques e parques. Quando não vemos um amigo por um longo período, imaginamos que ele foi abduzido por aliens

    Não somos malucos nem conspiradores, porque sabemos que isso não é real. Pelo menos, não até que coloquemos essas histórias no papel. É o alimento para nossos histórias e é isso que nos faz ser quem nós somos.

    E isso também confirma a frase genial do Saramago: “somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não”.

    CONCEITO KISS: manter seu texto simples pode te fazer parecer mais inteligente; confira as dicas

    Escritores de todo o mundo travam longas batalhas para tentar fazer com que seus textos sejam lidos por um número cada vez maior de pessoas. Alguns fazem isso da forma mais lógica (e mais difícil) imaginável: escrevem bons textos.

    Sabe aqueles livros, contos, crônicas, copys ou qualquer outro tipo de escrito se tornam memoráveis, deliciosos de serem lidos? É disso que estou falando. Eles são assim porque conseguem derramar altas doses de serotonina nos cérebros dos leitores.

    Mas tem outros tipos de autores que tentam fazer a mesma coisa com força bruta ou ilusões cretinas. Esse tipo escritores, principalmente os novos copywriters, cada vez mais comum no mundo dominado pelas mídias sociais, é composto por indivíduos que usam termos como “concernente” no lugar de “relativo” ou “veio a óbito” no lugar de “morreu”.

    Por que eles fazem isso? Para soarem mais inteligentes.

    O que eles conseguem com isso? Parecerem idiotas.

    Ser vs Parecer

    Para algumas pessoas, parecer inteligente é mais importante do que, de fato, ser mais inteligente. Estas pessoas querem colher os louros e desfrutar das conquistas, mas abominam o que precede este momento: o estudo incansável e o trabalho duro.

    E é essa necessidade louca de parecer mais inteligente que faz com que muitas pessoas usem termos complexos ou jargões profissionais que remetem a pessoas mais cultas. Agem como se os leitores fossem ignorantes, fáceis de serem enganados. O que, verdade seja dita, nem de longe é verdade.

    E isso não acontece apenas no ramo da escrita.

    Quem já assistiu uma audiência em algum tribunal já deve ter sentido a mesmo confusão que eu ao ver aqueles juízes “instruídos” usando termos complexos e palavras soltas em latim. Mesmo quando existe uma palavra específica em português para aquela situação.

    Eu entendo que existe uma tradição em volta disso e o que eles chamar de liturgia… Mas vamos ser sinceros: é uma idiotice sem fim.

    Em alguns momentos, chego a sentir vergonha alheia e até mesmo raiva quando noto que o objetivo de muitas destas palavras é apenas dificultar o entendimento de coisas extremamente simples. Um povo inteligente nunca será enganado, não é mesmo?

    Infelizmente, os juízes e advogados tem uma “permissão” para usar termos complexos, mesmo quando isso não é necessário. Mas, se você quer conquistar leitores e quer que eles se apaixonem pelo que você escreve, precisa tomar um caminho diferente. Precisa ser claro e objetivo.

    E isso é muito difícil.

    Conceito KISS (Keep It Simple, Stupid)

    Vou te apresentar um conceito que, embora ainda não tivesse esse nome, já era ensinado pelo maluco beleza do Raul Seixas há muito tempo. O conceito KISS.

    Não estou falando da banda de rock (que é muito boa 🤘), mas de um conceito que difundido há muito tempo nos Estados Unidos e que está ganhando forma aqui no Brasil. Neste contexto, KISS é uma sigla para “Keep It Simple, Stupid”. Ou “Mantenha simples, estúpido”, em tradução literal.

    Quanto mais simples e claro o seu texto for, mas os leitores vão entender e mais eles vão amar o que você escreve. E, se você tentar dificultar a leitura para parecer mais inteligente, na verdade, os leitores vão pensar que você é estúpido.

    Albert Einstein já dizia que se você não for capaz de explicar algo de modo simples é porque você mesmo não entendeu bem. É uma generalização, é claro, mas serve como base.

    Vou usar um exemplo recente. Revirando a internet em busca de argumentos contraditórios aos meus, encontrei um site interessante, focado em notícias políticas. Como sempre faço antes de consumir qualquer coisa, fui até a pagina “Sobre” para buscar mais informações sobre o site e os editores.

    Foi lá que encontrei uma pérola da língua portuguesa:

    As pessoas de compreensão mais comum também têm acesso às formas mais sintéticas de argumentação, pois a dialética não é por si mesma hermética; pelo contrário, sobrevive nas articulações mais singelas.

    O que isso quer dizer? Confesso que não entendi por completo. De forma geral, acredito que o autor do texto tentou dizer que o site é acessível a todos os públicos, até mesmo as pessoas mais simples. Mas ele fez isso da forma mais idiota possível.

     Ah! Não vou dizer de que site tirei a citação, mas você pode encontrá-lo facilmente no google. É só copiar e colar. ^^ 

    Simples e pobre não são a mesma coisa

    Nesse ponto, muitas pessoas se confundem, porque acreditam que, para manter um texto simples, é preciso empobrecer a argumentação. É obvio que isso não é verdade.

    Grandes autores são conhecidos pelo seu texto claro, limpo e direto. Isso não quer dizer que escreviam de forma pobre. Charles Bukowski, Ernest Hemingway, Stephen King e Jack Kerouac são apenas os primeiros nomes que me vem a mente, mas há muitos outros.

    Manter a coisa simples é muito difícil, na verdade. Isso quer dizer que você deve cortar toda a gordura das frases e deixar apenas o que é relevante para o entendimento.

    Como diria urso Balu:

    O extraordinário é demais.

    Não é uma tarefa fácil. Resistir a tentação de enfeitar a frase ou encher os parágrafos de firulas é uma das maiores habilidades dos grandes autores. É um talento que muitos buscam e poucos conseguem conquistar.

    Mas você precisa treinar diariamente para alcançar este objetivo, por mais difícil que seja. O resultado fará com que toda a luta valha a pena. Acredite em mim.

    Conclusão

    O mais triste de tudo o que conversamos hoje é que sinto que estamos substituindo os inteligentes pelos que parecem inteligentes. A beleza pelo que parece ser belo. A virtude pelo que parece ser virtuoso. Olhe para a nossa situação política atual e me diga que estou errado…

    Mas nem tudo está perdido. Poucos minutos diários de leitura e estudo serão capazes de fazer com que você se torne um escritor bem melhor.

    Em vários textos deste site, já falei sobre a importância de conhecer um número considerável de palavras para construir sentenças mais sólidas. Mas isso, nem de longe, implica transformar-se em um dicionário ambulante.

    Da mesma forma, não seria um desperdício de tempo abrir o www.dicio.com.br uma ou duas vezes por semana. Saber dosar as necessidades é a chave.

    Observe as opções e tome a decisão correta. E lembre-se que os leitores nunca leem um texto com o objetivo de glorificar o escritor, mas sim de absorver a mensagem. Por isso, a mensagem precisa ser clara.

    Mas não fique obcecado pela simplicidade, muito menos pela complexidade.

    O bom autor sempre vai saber a hora certa de usar uma palavra mais pomposa, porque a situação vai exigir este artifício. Ao mesmo tempo, se estiver preparado para isso, você saberá que, as vezes, “pra” soa melhor do que “para” e “tava” soa melhor do que “estava”. Tudo depende da situação.