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    Aprenda de uma vez por todas a escrever um plot twist incrível para o seu livro

    Se tem uma coisa que você nunca ouvirá de um leitor é: “o final dessa história foi tão previsível, mas eu adorei”. E eu nem preciso explicar o motivo, não é mesmo? As pessoas querem ser surpreendidas. Elas leem livros justamente para vivenciarem experiencias novas, para se emocionarem. Quando falamos de um thriller, então, a surpresa torna-se um item obrigatório.

    Na literatura, a surpresa funciona como se fosse a recompensa para o leitor que decide encarar a árdua tarefa de ler um romance. Quando alguém começa a ler um livro, imediatamente ela espera ser surpreendida em algum momento, seja pelo plot inovador, seja pelo final inesperado.

    E quando a surpresa acontece através de um plot twist bem construído, a coisa fica ainda melhor. É sobre isso que nós vamos falar neste artigo.

    É por isso que, hoje, você vai aprender:

    • O que são plot twists
    • 5 tipos de plot twists
    • 5 exemplos de plot twists
    • Por que os de plot twists são importantes
    • 5 dicas para escrever um bom plot twists

    O que são plot twists?

    Os plot twists são mudanças drásticas e repentinas que podem ocorrer em um romance, conto, filme ou série de TV. Quando bem construídos, eles subvertem as expectativas. Isso porque não seguem o caminho linear sugerido pelo autor no início da história. Ao contrário disso, um bom plot twist jamais pode ser previsto pelo espectador. E é justamente essa surpresa que desperta emoção e aumenta o envolvimento.

    Cinco tipos de plot twists

    É óbvio que não estou dizendo que existam apenas os tipos que estou listando abaixo, mas aqui você vai encontrar alguns exemplos de reviravoltas comuns, que geralmente trazem bons resultados. A forma como você usa cada uma delas é o que realmente importa.

    1. O aliado do protagonista é, na verdade, o vilão.
    2. Um dos elementos mais importantes da história acaba se mostrando apenas uma pista falsa, uma mentira ou um arenque vermelho (do inglês red herring – saiba mais sobre isso aqui).
    3. Um problema ainda maior surge quando o problema principal da história parece ter se resolvido. Isso pode ser muito bem utilizado no meio do livro, para mudar a trama de rumo, ou no final, para preparar a audiência para a continuação.
    4. Um flashback ou flashforward inesperado faz o público saber de algo que o protagonista ainda não sabe. Isso aumenta drasticamente a tensão.
    5. Um novo personagem surge, simplesmente do nada, e altera tudo na trama.

    Cinco exemplos de plot twists

    Para você entender melhor, vamos ver alguns exemplos de plot twists na cultura pop. É claro que um plot twist pode assumir várias formas, mas eu decidi mostrar alguns clássicos, que já são conhecidos da maior parte das pessoas. Se você tiver medo de spoilers, evite essa sessão.

    • Planeta dos Macacos – George Taylor chega na praia, vê a estátua da liberdade e descobre que não viajou para outro planeta, mas para o futuro.
    • O Sexto Sentido – Dr. Malcolm Crowe descobre que ele já estava morto há muito tempo.
    • Os Outros – Grace Stewart descobre que ela e seus filhos é que são os fantasmas e não os outros na casa.
    • Jogos Mortais – Um homem que parecia morto se levanta e se revela como o verdadeiro assassino.
    • Game of Thrones – Ned Stark, aquele que pensávamos que era o protagonista da série, é decapitado depois de uma traição.

    Por que os plot twists são importantes para uma história?

    São as reviravoltas na trama, apresentadas através dos plot twits, que mantêm o público envolvido com a sua história. Quando elas aparecem no momento certo de uma narrativa, atraem a atenção do público e fazem com que a audiência fique mais atenta, esperando as novas revelações. Sabe quando você não consegue parar de ler um livro?

    Quando elas aparecem nas últimas páginas de um livro, tendem a criar memórias duradouras, que leitor vai associar à sua narrativa. Um bom exemplo é que poucas pessoas conseguem enumerar todos os pontos da trama de um filme marcante como “O Sexto Sentido”, mas todo mundo consegue se lembrar da reviravolta do final. Porque mudou tudo. É porque esse falto alterou a experiencia e a percepção do público sobre a história.

    Dito tudo isso, vamos para o ponto central desse artigo.

    Cinco dicas para escrever um bom plot twist

    • Mate um personagem aparentemente importante.

    Essa primeira dica segue um exemplo que foi usado e abusado pelo George Martin. Isso porque é claro que ela dá muito certo. Então, se você quer chamar a atenção do seu público, crie um personagem cativante (em qualquer sentido que achar melhor) e faça com que ele pareça muito importante para a história. Se possível, faça com que ele pareça o protagonista. E, então, no fim do 1/5 da sua história, mate esse personagem.

    • Faça o personagem se surpreender junto com o leitor.

    As pessoas vão se apegar mais à sua história se o personagem descobrir as reviravoltas do enredo de forma orgânica. Por isso, em vez de descrever o plot twist da forma mais clichê, usando apenas a narração, faça com que o seu protagonista descubra os fatos e se foque nas sensações dele.

    • Faça o personagem pequeno crescer de forma surpreendente

    Outra ótima maneira de criar um bom plot twist é fazer com que um personagem que parecia ser pequeno e desimportante cresce e roube a cena. Há várias formas de se fazer isso de forma criativa. A babá que criou o protagonista pode realmente ser a mãe dele. O atendente do bar que serve whisky todos os dias para o detetive pode ser um criminoso procurado que está disfarçado, fugindo da polícia. Ou o clássico: o mordomo pode ser o assassino.

    • Termine a história com um grande plot twist

    Deixar a grande revelação para a última cena pode deixar as coisas muito mais interessantes. E isso deixa os leitores pensando sobre a sua história por dias. Mas faça de uma forma que a reviravolta possa gerar consequências que, mesmo que os leitores não saibam quais são, eles consigam sentir. Essa é uma ótima forma de encerar o primeiro livro de uma série.

    • Crie plot twists consistentes

    Embora as reviravoltas sejam importantes, não adianta muito simplesmente inventar uma mudança sem pé nem cabeça e esperar que os leitores engulam. A mudança, por mais inesperada que seja, precisa fazer sentido para a história. Se possível, deixe algumas pistas muito bem escondidas sobre ela nas primeiras páginas, para preparar o cenário para o que está por vir. E tenha sempre em mente que a maior parte dos seus leitores vai saber quando o plot twist faz sentido e quando ele está lá só pra encher linguiça.

    Como escrever sem ficar completamente maluco?

    Eu já disse em muitos outros textos que escrever é um processo lento e doloroso. Essa é uma verdade universal que (infelizmente e felizmente, pois todo escritor é meio masoquista também) provavelmente nunca irá mudar. Também é fato que você nunca “aprende” a ser um escritor, por completo. Um bom escritor sabe que escrever é um processo de aprendizado constante.

    Não é como fazer uma faculdade, onde você se forma e pode esfregar o diploma na cara das pessoas. Mesmo que você termine o seu livro, ainda terá um longo caminho de aprendizado pela frente. Um caminho que nunca chega ao fim.

    Mas existem algumas ações bem simples que diferenciam os autores que conseguem chegar lá daqueles que morrem na praia. A principal delas pode parecer um pouco idiota, mas faz todo sentido: escritores de verdade escrevem livros.

    Eu conheço dezenas de pessoas que se dizem escritoras. Pessoas que tiveram uma ideia genial e acham que serão o próximo Dan Brown ou a próxima JK Rowling. Não há problema nenhum nisso. O problema está no fato de que a maioria destas pessoas nunca acaba seus livros. Eles escrevem, escrevem, escrevem e escrevem… Mas nunca saem do lugar.

    Se eu tivesse que apostar qual o motivo, diria que são dois: falta do hábito da escrita correto e falta de planejamento.

    Você pode discordar de mim, mas eu continuo afirmando que, se você quer ser escritor, precisa escrever todos os dias, sem exceção. Esse é o primeiro passo. É simples, mas também é o mais importante. Quanto mais você escrever, melhor escritor será.

    Mas é importante ter um norte para sua escrita, e é aí que o planejamento entra. Muitos autores constroem suas obras sem planejamento prévio. E ainda que esse processo eventualmente gere bons livros, eles são a exceção.

    Construir obras literárias, principalmente aquelas mais complexas e com vários personagens, exige um mínimo de planejamento e estrutura. Se aventurar neste mundo sem estes dois itens é o mesmo que mergulhar na Fossa das Marianas só com um roupa de ginástica. A pressão vai te esmagar e você não vai chegar onde deseja. É claro que milagres podem acontecer. Mas… Com que frequência você tem visto milagres acontecendo ao seu redor?

    Então, como sou um cara legal, vou te mostrar o caminho nas pedras aqui. É um guia, que você pode usar para planejar suas histórias daqui pra frente.

    O primeiro passo, obviamente, é saber sobre o que você quer escrever. Isso nós chamamos de conceito. É a ideia base de uma história. Nesse momento, você deve definir três pontos fundamentais: o que acontece na sua história? Sobre quem ela é? E por que alguém vai querer ler?

    Depois disso, você pode escrever a logline da sua história. Logline o resumo mais básico da sua trama, que geralmente se resume a algo como: uma pessoa quer uma coisa mas algo a impede de conseguir. Ou seja, a logline é a descrição destes três elementos: protagonista, o objetivo e o obstáculo. Tudo isso em um único parágrafo, na forma mais direta possível.

    Logline de Vingadores: Os heróis mais poderosos da Terra (protagonistas) devem se unir e aprender a lutar como uma equipe (objetivo) para impedir que o maldoso Loki (obstáculo) escravize a humanidade com seu exército alienígena.

    É fundamental saber o logline da sua história para planejar o que virá a seguir.

    Tendo feito isso, escreva um resumo da sua história, com o máximo de detalhes que conseguir, mas sem abusar da sorte. Não estou falando de uma sinopse. Estou falando de um resumo mesmo, apresentando os principais pontos. Particularmente, acredito que uma folha A4 é o suficiente para o resumo. Escreva o que acontece em todas as partes e cite quais são os personagens principais. Com base neste texto, você separará o livro em capítulos.

    A partir daqui, os próximos passos são a repetição do que você já fez. Olha só: primeiro você deve escrever uma logline de cada um dos capítulos, dizendo brevemente o que deve acontecer em cada um deles. Use o resumo como guia e não haverá erros. E, por fim, faça um resumo detalhado de cada capítulo, com dois o três parágrafos, dizendo o que deve acontecer e quais são os personagens que aparecerão.

    O próximo passo depois disso, obviamente, é escrever muito até finalizar seu livro.

    Agora que você já tem um norte para sua história, deixe sua imaginação voar e escreva o máximo que puder. Todos os dias. Estipule metas, se achar melhor, e prazos para finalizar cada capítulo. Comigo, isso funciona muito bem.

    Este é o meu processo de escrita e ele pode funcionar muito bem pra você, assim como funciona pra mim. Mas, obviamente, não é regra. Como eu já disse muitas vezes, não há regras quando falamos de arte. Com o tempo, você acabará desenvolvendo o seu próprio método de escrita, já que esse é o caminho natural.

    Esse texto ficou um pouco maior do que deveria, mas acho que vai ser bem útil para você. Lembre-se de deixar sua opinião nos comentários.

    Você conhece algum ministro do STF que já foi preso?

    Na última sexta-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal, o Dias Toffoli, pediu que a procuradora-geral da República, a Raquel Dodge, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário da Receita, Marcos Cintra, apurem um “eventual ilícito” cometido por auditores da Receita Federal em relação a uma investigação fiscal envolvendo o ministro Gilmar Mendes e sua mulher, Guiomar Feitosa Mendes.

    Em primeiro lugar, é importante destacar que sim, a mulher do Gilmar se chama Guiomar. Em segundo lugar, ele não pediu para que se apure a denúncia contra o ministro. Ele pediu que se investigue se os auditores da Receita Federal cometeram algum crime ao indicarem que o ministro Gilmar pode ter feito alguma safadeza.

    E é claro que o Dias Toffoli está atendendo um pedido do próprio Gilmar Mendes.

    Essa polêmica toda veio depois que a Equipe Especial de Fraudes da Receita Federal apontou indícios de que o ministro e sua mulher de nome estranho estavam cometendo crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. E principalmente pelo fato de que essa investigação vazou para a imprensa. Mas é assim que a banda toca, não é?

    Até aí eu nem liguei. Eles são aDEvogados, como diz meu pai. Tem bicho mais terrível nesse mundo que advogados, com todo respeito aos meus amigos formados? Acho que não.

    Mas a minha indignação sobre tudo isso veio depois que eu li uma matéria do jornalista e colunista no jornal Folha de S.Paulo e da RedeTVReinaldo Azevedo. Ele deu uma de Xeroque Romes e afirmou que existe motivação política por trás do vazamento da investigação da Receita Federal contra o Gilmar Mendes.

    Sério mesmo, Reinaldo? Você estava numa caverna nos últimos anos? Eu não consigo acreditar que alguma coisa ligada a um ministro do STF tem inclinação política.

    Aí ele conclui dizendo que o criminoso que vazou a informação foi bem-sucedido e que o serviço sujo está feito. As reputações do ministro e de sua mulher estão sendo mastigadas na boca de canalhas e idiotas.

    Deixa eu te contar um segredo, Reinaldo. Talvez o Gilmar Mendes e sua mulher de nome horroroso tenham alguma reputação dentro do STF, que possa ser manchada. Mas, fora dos tribunais, o sobrenome Mendes está mais sujo que pau de galinheiro. O próprio ministro com sua cara de vilão de histórias em quadrinhos já é um pária há muito tempo. Ele nem precisa de uma acusação de corrupção para isso, porque não existe pessoa em sã consciência no Brasil que duvide do fato de que tudo o que ele faz é movido por interesses pessoais.

    E eu nem vou entrar no mérito de que um cara que usa terno azul-bebê em rede nacional chamou metade da população do Brasil de canalha e idiota. Como se a culpa fosse nossa pela safadeza dos ministros do STF. Não quer ser acusado de nada errado? Não faça nada errado. Simples assim.

    É claro que não cabe a mim dizer se o ministro é ou não corrupto, embora, como bom brasileiro, eu esteja inclinado a achar que, se está envolvido com política, é bandido e ponto final.

    Mas o fato é que, até agora, o Gilmar Mendes já soltou dezenas de investigados pela Lava Jato. Figuras do folclore brasileiro, como Anthony Garotinho, Jacob Barata Filho e a esposa de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo. E tem também o Beto Richa. Eu sou do Paraná e tenho um lista de coisas para dizer sobre esse nobre político que você não gostaria de ouvir essa hora da manhã, então… Deixa pra lá.

    Enfim… Sabe o que vai acontecer? Nada. Você conhece algum ministro do STF que já foi preso? As acusações vão provar que foi tudo um mal entendido. E deve ser mesmo. Errado estou eu, achando que adianta reclamar de um cara como o Gilmar Mendes.

    Afinal de contas, quando as raposas são donas do galinheiro… Você já sabe o que acontece, né meu amigo?

    Eu tenho vergonha de ser branco

    Quando olho no espelho, o primeiro sentimento que me invade é a vergonha. E não só da minha falta de beleza ou de alguma imperfeição estética. Eu tenho vergonha de ser branco. E os motivos que me envergonham são muitos.

    Eu tenho vergonha de ser branco e ser pobre. Porque, quando as coisas dão certo na minha vida, logo me informam que eu fui privilegiado. É só por isso que eu consegui estar onde estou. Nada mais importa. As noites que eu passei acordado, lutando, querendo morrer, não foram importantes. As vezes que eu deixei de comer para trabalhar e as coisas que eu deixei para trás para me tornar o que eu sou também não. Seu eu fosse de outra cor, minha luta seria justa. Minha causa seria nobre, fosse ela qual fosse, uma vez que eu lutaria contra o mundo racista e injusto, que favorece brancos. Mas eu sou branco, e o racista sou eu.

    E é por isso que eu tenho vergonha de ser branco e achar que eu não sou racista. Porque todo mundo saber que todo branco é automaticamente racista. Até eu, é claro, mesmo que eu não admita. Se eu não fosse branco, poderia dizer abertamente que gostaria de ser julgado pelas minhas atitudes, não pela cor da minha pele. E isso seria glorioso, libertador, revigorante. Mas eu sou branco e só digo isso porque sou privilegiado. Todas as minhas atitudes têm segundas intenções, mesmo que eu não sabia.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque eu não sou rico. Eu não nasci em berço de ouro e nunca tive dinheiro para nada, mas o sistema sempre me ajudou. Se eu não fosse branco, poderia dizer que sofri, que passei fome, que trabalhei quinze horas por dia, vendendo sorvete, lavando banheiros e empacotando compras. Mas eu sou branco e as minhas dores não são tão doloridas assim. Eu vivo a vida no modo easy. As coisas sempre foram fáceis para mim. Mesmo quando eu precisava escolher entre almoçar ou jantar, eu estava sendo privilegiado, já que muitos não brancos não tinham nem o almoço e nem a janta.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque eu estudei em escolas públicas. E quando eu digo isso, as pessoas não acreditam, por que brancos só estudam em escolas particulares. Brancos tem vantagem. Mas, se eu não fosse branco, diriam que eu sou um herói quando eu dissesse que fui o único da minha turma a chegar em uma faculdade. Mas sou branco, então sou um privilegiado. Não tem nada ver com o tanto que eu estudei ou com as coisas que eu abri mão. Os outros brancos, meus amigos de sala que também não chegaram na faculdade, são preguiçosos, porque tudo seria mais fácil para eles.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque eu tenho um emprego. Porque muitos não brancos ficaram desempregados para que eu exercesse o meu privilégio. E eu sou privilegiado. Porque sou branco. Pura e simplesmente. O que aprendi ao longo de anos para conquista a vaga não importa. Porque alguns negros tentaram antes de mim e não conseguiram. E isso não tem a ver com as suas características sócias e suas habilidades. Tem a ver com a cor da pele. Unicamente. Sempre.

    Mas eu sou branco, então sou privilegiado.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque eu não posso crescer por conta própria. Mesmo que eu não note, a mão invisível do sistema se molda para atender aos meus desejos e me favorecer. Então, quando eu consigo vencer, não é porque lutei, mas porque o sistema me ajudou. Sempre. Se eu não fosse branco, poderia comemorar. Poderia dizer que foi mérito meu. Que o trabalho valeu a pena. Que sou um vencedor. Mas eu sou branco e tudo é fácil pra mim. Sou privilegiado.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque eu não posso rir. Nunca. Porque todas as minhas piadas são ofensivas a algum grupo étnico, mesmo que eu nem saiba que ele existe. Todo gesto que faço para não brancos é uma ofensa disfarçada, que está impregnada no meu ser por causa de anos e mais anos de racismo velado. E toda história que eu conto é falsa. Se eu não fosse branco, poderia me orgulhar das vitórias dos meus antepassados. Poderia chamar aos meus iguais de “meu povo” sem soar racista. Mas eu sou branco e meus antepassados eram senhores de escravos. Até aqueles que eram escravos também.

    Mais do que vergonha, eu tenho raiva de ser branco. Por esse simples fato de que isso invalida todos os meus argumentos, já que os brancos escravizaram e mataram milhares de pretos, amarelos e vermelhos em todos as partes do mundo. Eles também foram mortos e escravizados por essas raças, mas isso não importa. O que importa é que, seu eu não fosse branco, minha luta seria válida. Enquanto os africanos ainda se escravizavam na África, os brancos já haviam abolido a escravidão na Europa. Mas isso não importa. Sou um senhor de escravos. Porque sou branco. E preconceituoso. E racista. E privilegiado, é claro.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque eu não me enquadro no discurso geral propagado por todos, até pelos outros brancos, quando se referem aos que são brancos como eu. Mesmo que ninguém acredite. Não odeio pretos, nem amarelos, nem vermelhos. Nem brancos. Só tenho vergonha.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque eu achei que todos concordavam com o pastor quando ele dizia que sonhava com o dia em que “todos os vales seriam elevados e todas as montanhas e encostas seriam niveladas”. E ainda mais vergonha por ter acreditado quando ele dizia que sonhava com o dia em que “os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes de donos de escravos poderiam se sentar juntos à mesa da fraternidade”.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque vivo em um mundo dividido em cores, como num tabuleiro de War. Um mundo onde a minha cor é a vilã. Mesmo que eu, como pessoa, não seja. Onde eu não tenho lugar de fala. Porque outros brancos foram terríveis e cruéis no passado e ainda são hoje em dia, então eu não posso mais falar. Nem reclamar. Porque minha reclamação é injusta se compara aos que sofrem mais. E eu nem sofro de verdade. Eu sou privilegiado. E eu não preciso falar, porque outros como eu já falaram demais.

    Eu tenho vergonha de ser branco porque sou burro demais a ponto de achar que a cor não é importante. E por insistir que não digo isso porque sou branco. E privilegiado.

    E é por isso que me arrisco a cometer o crime de dizer mais uma vez que, assim como o pastor, eu tenho um sonho. Um sonho de não ser mais branco. Nem preto. Nem amarelo. Nem vermelho. E nem outras cores. Só ser eu. Eu só. Nada mais.

    Se a culpa é de todo mundo, ela acaba não sendo de ninguém

    A tragédia de Brumadinho é o assunto do momento, e, por mais que não se queira falar sobre ela, é mais do que preciso. Mais de cem pessoas morreram e, dez dias depois, o número não para de crescer.

    Foi a junção de tantos erros que chegar ao motivo principal vai ser uma tarefa dura, mas extremamente necessária para evitar novas tragédias. Algo que já deveria ter sido feito quando o primeiro incidente aconteceu em Mariana, mas que foi negligenciado.

    De lá pra cá, o faturamento da Vale só aumentou. A empresa teve recorde histórico de produção de minério em 2018 e, consequentemente de lucros. Isso levou a uma suspeita de que a Vale se focou muito nos lucros e negligenciou a segurança. Acho que ninguém duvida disso.

    Na última quinta-feira, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que o rompimento da barragem foi rápido demais, o que fez com que a sirene de alerta, que deveria soar em caso de algum incidente, fosse engolida pela lama.

    Isso, por si só, já seria engraçado, se não fosse a prova cabal da burrice ou do descaso da Vale com seus trabalhadores e com as pessoas das redondezas. Afinal de contas, como pode alguém construir um restaurante logo abaixo de uma barragem condenada? E o pior é que, menos de um mês antes da tragédia, eles haviam conseguido autorização para voltar a trabalhar na barragem.

    Mas o fato é que, no calor do momento, ouvi coisas como: “a culpa dessa tragédia é de todos nós, porque não prestamos atenção no que estava acontecendo” ou “a culpa é nossa porque fomos nós que elegemos o governo”.

    É o mesmo discurso usado na época do incêndio do Museu Nacional. Mas sabe qual é o problema disso? É que se a culpa é de todo mundo, ela acaba não sendo de ninguém. Quando alguém da Vale vai ser responsabilizado por Mariana? Quando alguém vai para a cadeia por Brumadinho? Dezenas de pessoas morreram. Dezenas de vidas foram tiradas por pura e absoluta irresponsabilidade. Isso é crime. Ou seria crime, em qualquer outra situação.

    Mas não aqui no Brasil. Aqui, as coisas simplesmente desaparecerão em meio a lama. E, daqui há alguns anos, ninguém mais vai se lembrar do que aconteceu. É triste, mas é a mais pura verdade. Tão verdade quanto o fato de que aquela lama não esconde só cadáveres, mas muita irresponsabilidade e muita falta de vergonha na cara dos diretores da Vale.

    E quem vai assumir a culpa? Eu é que não sou.

    O que é ser um escritor, segundo Charles Bukowski

    Eu sempre dou dicas de escrita aqui no site e lá no meu canal do YouTube. Mas, em algum momento, você pode se perguntar: quem é esse idiota para querer me ensinar alguma coisa? Pois é. Eu também me pergunto isso o tempo inteiro. E foi por isso que decidi iniciar este quadro, que vou chamar de: o que é ser um escritor

    Basicamente, o qual vai apresentar a ideia de grandes escritores sobre o é que ser um escritor. E neste episódio de estreia, decidi fazer de um jeito especial, através de poemas de um dos maiores escritores de todos os tempos: Charles Bukowski.

    Serão dois poemas escritos pelo autor em um livro chamado “O amor é um cão dos diabos”.

    O primeiro se chama Como ser um grande escritor. Confira uma versão em audio com legendas antes do texto.

    você tem que trepar com um grande número de mulheres
    belas mulheres
    e escrever uns poucos e decentes poemas de amor.

    não se preocupe com a idade
    e/ou com os talentos frescos e recém-chegados;

    apenas beba mais cerveja
    mais e mais cerveja

    e vá às corridas pelo menos uma vez por
    semana

    e vença
    se possível.

    aprender a vencer é difícil –
    qualquer frouxo pode ser um bom perdedor.

    e não se esqueça do Brahms
    e do Bach e também da sua
    cerveja.

    não exagere no exercício.

    durma até o meio-dia.

    evite cartões de crédito
    ou pagar qualquer conta
    no prazo.

    lembre-se que nenhum rabo no mundo
    vale mais do que 50 pratas
    (em 1977).

    e se você tem a capacidade de amar
    ame primeiro a si mesmo
    mas esteja sempre alerta para a possibilidade de uma derrota total
    mesmo que a razão para esta derrota
    pareça certa ou errada

    um gosto precoce da morte não é necessariamente uma cosa má.

    fique longe de igrejas e bares e museus,
    e como a aranha seja
    paciente
    o tempo é a cruz de todos
    mais o
    exílio
    a derrota
    a traição

    todo este esgoto.

    fique com a cerveja.

    a cerveja é o sangue contínuo.

    uma amante contínua.

    arranje uma grande máquina de escrever
    e assim como os passos que sobem e descem
    do lado de fora de sua janela

    bata na máquina
    bata forte

    faça disso um combate de pesos pesados

    faça como o touro no momento do primeiro ataque

    e lembre dos velhos cães
    que brigavam tão bem?
    Hemingway, Céline, Dostoiévski, Hamsun.

    se você pensa que eles não ficaram loucos
    em quartos apertados
    assim como este em que agora você está

    sem mulheres
    sem comida
    sem esperança

    então você não está pronto.

    beba mais cerveja.
    há tempo.
    e se não há
    está tudo certo
    também.

    O segundo exemplo é um pouco menos agressivo, mas também vai te fazer pensar sobre a profissão, uma vez que o autor não tem papas na língua. O poema se chama Então queres ser um escritor? Confira uma versão em audio com legendas antes do texto.

    se não sai de ti a explodir
    apesar de tudo,
    não o faças.
    a menos que saia sem perguntar do teu
    coração, da tua cabeça, da tua boca
    das tuas entranhas,
    não o faças.
    se tens que estar horas sentado
    a olhar para um display de computador
    ou curvado sobre a tua
    máquina de escrever
    procurando as palavras,
    não o faças.
    se o fazes por dinheiro ou
    fama,
    não o faças.
    se o fazes para teres
    mulheres na tua cama,
    não o faças.
    se tens que te sentar e
    reescrever uma e outra vez,
    não o faças.
    se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
    não o faças.
    se tentas escrever como outros escreveram,
    não o faças.

    se tens que esperar para que saia de ti
    a gritar,
    então espera pacientemente.
    se nunca sair de ti a gritar,
    faz outra coisa.

    se tens que o ler primeiro à tua mulher
    ou namorada ou namorado
    ou pais ou a quem quer que seja,
    não estás preparado.

    não sejas como muitos escritores,
    não sejas como milhares de
    pessoas que se consideram escritores,
    não sejas chato nem aborrecido e
    pedante, não te consumas com auto-devoção.
    as bibliotecas de todo o mundo têm
    bocejado até
    adormecer
    com os da tua espécie.
    não sejas mais um.
    não o faças.
    a menos que saia da
    tua alma como um míssil,
    a menos que o estar parado
    te leve à loucura ou
    ao suicídio ou homicídio,
    não o faças.
    a menos que o sol dentro de ti
    te queime as tripas,
    não o faças.

    quando chegar mesmo a altura,
    e se foste escolhido,
    vai acontecer
    por si só e continuará a acontecer
    até que tu morras ou morra em ti.

    não há outra alternativa.
    e nunca houve.

    Espero que você tenha gostado desta ideia. Comenta ai o que achou das dicas do Velho Safado.

    Afinal de contas, Paulo Coelho é um escritor ruim?

    Hoje nós vamos entrar num dos temas mais polêmicos quando o assunto é literatura nacional. Vamos falar de um dos escritores mais amados e, ao mesmo tempo, mais odiados de todos os tempos: o brasileiro Paulo Coelho.

    Eu sei que, a primeira vista, esta não parece uma dica de escrita. Mas, vai por mim, é uma das maiores de todas que eu já te dei.

    O primeiro livro do Paulo Coelho foi lançado em 1987 e se chama O Diário de um Mago. Não foi o primeiro livro que ele escreveu, é claro, mas não vamos falar disso. O que importa para nós, nesse momento, é o fato de que foi com este livro que ele começou a se tornar o autor que nós conhecemos hoje.

    Muita coisa aconteceu na sua carreira e eu não vou destrinchar a sua vida neste texto. Talvez faça isso em um outro, se vocês quiserem. O que importa que vocês saibam é que ele lutou muito para chegar onde está. Só alcançou a fama quando já estava com mais de 40 anos, mas sempre soube, desde que era criança, que seu destino era ser escritor.

    Eu li sua biografia umas oito vezes e ela sempre me ajuda quando estou abatido e sem esperanças. Quando eu não acho meu lugar nesse mundo. É importante para mim saber que grandes autores já estiveram nessa mesma situação e superaram. E eu falo que Paulo Coelho é um grande autor sem medo de errar e sem medo das críticas, por que ele foi fundamental no meu processo de descoberta da escrita.

    Paulo Coelho divide opiniões. No Brasil, é claro, porque no resto do mundo ele é extremamente respeitado. Acho que aí nós vemos um misto de muita coisa. Brasileiro odeia ver seus iguais fazendo sucesso. E também não consegue reconhecer seus talentos, por causa da maldita síndrome de vira-lata que impregna o nosso sangue.

    E mesmo assim, Paulo Coelho escreveu vários livros maravilhosos. Um deles, O Alquimista, é um dos livros mais vendidos de todos os tempos e uma das melhores obras que eu já li.

    O primeiro livro que me fez pensar sobre a vida, a morte e tudo mais foi Veronika Decide Morrer. A primeira vez que eu refleti sobre minhas ações e como elas me transformaram no que sou foi quando li Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei.

    Isso sem falar de outros livros incríveis como Onze Minutos, O Aleph e O Vencedor Está Só, que eu ouvi numa versão fantástica, lida pelo Antônio Fagundes. E também preciso citar O Monte Cinco, que foi meu primeiro contato com o divino fora da igreja.

    Goste ou não dele, você precisa admitir que o Paulo Coelho tem uma escrita que o difere dos outros autores. Seu texto é simples, muito distante da escrita rebuscada de alguns autores considerados geniais. Segundo o autor, foi o músico Raul Seixas, seu parceiro de muitos anos, que o ensinou a escrever assim, de forma clara e direta. E também é esse ponto que o faz ser odiado por muitos leitores brasileiros.

    Particularmente, eu acho essa característica fascinante. Talvez porque eu busque isso todos os dias. Quero que meu texto seja claro e fácil de ler, mas meu ego faz com que ele nem sempre soe assim.

    Pra mim, todo esse sentimento propagado contra o Paulo Coelho é um misto de inveja, ignorância e atitude bovina, de seguir a manada. A maioria das pessoas que odeiam o autor nunca leram nenhum de seus livros. Outros fizeram isso já com a vontade de não gostar e acabaram contaminados com o sentimento ruim. Outros foram esperando a oitava maravilha do universo e se esqueceram que a pior coisa que existe e a tal da expectativa.

    Paulo Coelho é um ótimo autor. Tem grandes toques de genialidade, mas eu não o chamaria de gênio. Guardo essa palavra para Tolkien, Agatha Christe, Conan Doyle, George Orwell. Mas, ainda assim, ele é um ótimo autor. Muito melhor do que a maioria dos outros autores que o criticam. Muito melhor do que eu jamais serei e isso não me desanima.

    Muito pelo contrário. A sua história continua me inspirando. Porque, se ele não é um gênio como os outros que eu citei mas conseguiu chegar onde está com muito esforço e muito trabalho, talvez eu também chegue, um dia.

    O seu protagonista é ativo ou reativo?

    Sabe quando você lê uma história em que os personagens secundários parecem mais interessantes do que o protagonista? E eu não estou falando de casos como O Cavaleiro das Trevas, onde o vilão é tão incrível que rouba a cena. Estou falando de casos como Piratas do Caribe, onde o protagonista é tão desinteressante que acabamos esquecendo dele.

    Eu sei que você já deve estar querendo me bater, mas entenda que o protagonista de Piratas do Caribe não é o Jack Sparow. Mas depois eu falo mais sobre isso.

    Pois bem, o fato é que, nessas histórias, a narrativa acaba parecendo muito forçada e previsível, como se o universo estivesse conspirando para que as coisas acontecessem. Podemos teorizar muito sobre o que leva uma história a ser ruim. Mas as principais razões, quase sempre são: falta de conflito e protagonistas passivos. Hoje, vamos falar sobre a segunda opção.

    Grave esse conselho na sua mente: protagonista tem que protagonizar.

    Como você já deve saber, sou um amante do cinema e também um produtor audiovisual. Durante muito tempo, devorei livros de direção e roteiro para me aperfeiçoar. E foi num destes livros que aprendi algumas das lições mais valiosas de todas, com roteirista Syd Field. Segundo ele:

    “Agir é fazer alguma coisa, reagir é deixar que façam. […] Muitos escritores inexperientes fazem coisas acontecerem aos seus personagens; eles reagem em vez de agir. A essência do personagem é ação”.

    A essência do personagem é a ação. Não se esqueça dessa frase. Ela vale para todos os personagens, é claro, mas tem mais peso no protagonista. Por isso, releia todas as histórias que você já escreveu e analise os seus protagonistas. Preste atenção se eles fazem as coisas acontecerem ou se as coisas acontecem com eles.

    Uma boa forma de entender essa diferença é analisar alguns casos famosos. Eu gosto bastante de analisar o oceano que separa a Rey, de “Star Wars: O Despertar da Força” da Jyn Erso, de “Rogue One: Uma História Star Wars”. Enquanto a Rey age o tempo todo, mesmo quando está sendo explorada e jakku, a Jyn simplesmente assiste enquanto o mundo toma forma a sua frente. São as outras pessoas que traçam o seu destino enquanto ela simplesmente aceita.

    A Rey toma grandes decisões. Ela escolhe salvar o BB8. Ela escolhe não vende-lo. Quando ela descobre que o BB8 carrega um mapa que deve ser entregue ao Luke Skywalker, ela não pensa duas vezes: deixa sua casa para traz e foge do planeta com o Finn e o droid para encontrar a resistência.

    Mas com a Jyn, é tudo diferente. Ela só reage ao que acontece ao mundo. O filme começa com ela presa, mas ela não escolhe fugir, como a Rey. Ao contrário disso, é resgatada pelos rebeldes. É levada para a base, onde recebe duas opções que não são opções de verdade: fazer o que eles querem ou voltar para a prisão. Ela poderia se rebelar, fugir, explodir tudo, se matar… Qualquer coisa. Mas ela simplesmente aceita a missão e segue em frente.

    Geralmente, este é o ponto que nos difere dos heróis. Nós não temos essa liberdade na vida real. Não podemos simplesmente escolher o nosso futuro. Vivemos condicionados a aceitar praticamente tudo. São poucos os que podem mudar por completo e é por isso que amamos tanto a ficção. Mas… Se a ficção for tão desinteressante quanto a realidade geralmente é? Por que nos interessaríamos?

    Seu personagem não precisa ser ativo o tempo inteiro. Ele pode passar uma boa parte da história só reagindo, aprendendo e se desenvolvendo. Mas, em algum momento, ele precisa assumir o protagonismo. Em algum momento, você precisa mostrar ao leitor porque a história do protagonista merece ser contada.

    E aí eu chego no Piratas do Caribe. Muita gente acha que o protagonista é o Jack Sparow, que foi brilhantemente interpretado pelo Johnny Depp. Mas o fato é que o protagonista do primeiro longa, na verdade, é o Will Turner, o personagem do Orlando Bloom. Ele é o herói. Ele é bonito e é ele quem fica com a mocinha. A história toda gira em torno dele, mas o personagem do Johnny Depp rouba a cena. Ele era muito mais bem construído, mas bem interpretado e realmente mudava as coisas. Tanto que o próprio diretor notou isso e mudou os rumos da obra ainda no momento da gravação.

    É por isso que assistimos um filme que deu muito mais destaque para o Jack do que para o Will. Personagens têm vida própria, principalmente no cinema, onde a criação é dividida entre várias pessoas. Você precisa de sensibilidade para notar e aceitar isso.

    A importância do Feedback para os escritores

    Conversar é uma das coisas mais importantes para os seres humanos. Só chegamos onde estamos, como espécie, porque em algum momento o homem aprendeu a conversar, o que levou a acordos e colaborações. E, ainda hoje, a comunicação é fundamental para nossa sobrevivência.

    Mas o fato é que temos medo de conversar. Principalmente quando a conversa envolve um termo besta em inglês: o feedback.

    Feedback é o retorno que recebemos com relação a algo que fizemos.

    E o motivo de termo tanto medo do feedback é bem fácil de entender. Todos nós erramos, mas mesmo assim temos muito medo de errar. E toda vez que sentimos que nossas falhas vão ser expostas por alguém, pode ser quem for, surge um monte de preocupações na nossa cabeça: estou fazendo algo de errado? Vou perder meu emprego? Eu não levo jeito para isso, seja lá o que isso for.

    Da mesma forma, quando estamos na situação contrária, a coisa também se complica. Ou vai me dizer que você nunca enrolou para lidar com um problema esperando que ele fosse se resolver sozinho? Tudo isso porque tinha medo de ferir ou magoar alguém com o seu feedback.

    Mas os problemas não se resolvem sozinhos, não importa o quanto você procrastine. Eles só vão piorar. Só vão ficar maiores e mais assustadores. Porque é assim que a vida funciona e nós não podemos mudar isso.

    Dar um feedback para uma pessoa (e eu não estou falando apenas de escritores, mas em todas as áreas da vida) pode ser importante até mesmo para o seu crescimento pessoal. Porque essa história de que não se aprende com os erros dos outros é lenda. É claro que experiências pessoais são mais valiosas, mas tudo pode ser um canal para o aprendizado.

    Ao mesmo tempo, precisamos nos abrir para críticas e opiniões contrárias. Você não está sempre certo. O seu texto não será sempre bom. Suas histórias não serão interessantes sempre e nem para todo mundo.

    Se você quer mesmo ser um escritor, precisa ter isso como norte. Em algum momento, as pessoas vão falar mal de você. Algumas pessoas vão odiar você e sua obra. Algumas delas vão falar isso diretamente para você. E o pior de tudo: talvez elas estejam certas!

    Eu recebi muitos comentários ruins, de gente que achava e ainda acha o meu conteúdo péssimo. Ao mesmo tempo, recebo diariamente mensagens de pessoas que pediram para que eu não parasse de compartilhar conteúdos no tempo que fiquei sem postar. E foi por isso que eu voltei.

    E a chave para não se jogar na linha do trem é estar em paz com você mesmo. Aprender a ouvir. E, mais do que isso, saber filtrar o que te fará crescer e o que é só ofensa e inveja disfarçado de feedback.

    E, quando você aprender a fazer isso, por favor, me ensine.